Carlos do Carmo anuncia fim da carreira

Carlos do Carmo, fado

Source: José Goulão, Wikimedia CC-by-SA-2.0

Carlos do Carmo lança coletânea com 80 canções no ano em que, com 80 anos, decide retirar-se.


O fado, música nacional de Portugal, ganhou projeção universal com Amália Rodrigues, a mais marcante voz portuguesa no século XX.

É com Carlos do Carmo que o fado ganhou novo fôlego, conquistou a adesão de novos públicos, em especial, as novas gerações.

É a partir de Carlos do Carmo que surge a muito elogiada e vasta nova geração de fadistas: Mariza, Ana Moura, Camané, Carminho, Cristina Branco, Ricardo Ribeiro, Gisela João, António Zambujo, Cuca Roseta, Aldina Duarte, muitos mais.

Este ano 2019 é o da passagem de testemunho: Carlos do Carmo já anunciou que se retira, ao completar 80 anos de vida, já em novembro.

Carlos do Carmo é alguém que todos admiram e respeitam. É um estimado, indiscutível e celebrado nome do fado, Não há em Portugal quem não goste de Carlos do Carmo. O fadista tem repetido: “É uma boa idade para parar. Vou fazer 80 anos. Não gostaria de passar uma imagem de decadência depois de, ao longo da vida, ter sido tão bem tratado. Não farei outros concertos. O que não invalida a possibilidade de vir a aceitar um convite para algo isolado”.

Carlos do Carmo quer que a despedida não seja melancólica. Está a evitar espetáculos de despedida. Mas a editora, a Universal, acaba se juntar às homenagens, com uma edição especial, num suporte que se tornou matéria de colecionadores: o CD. A Universal tomou a iniciativa de lançar uma caixa especial Carlos do Carmo: São quatro CD, com 20 faixas cada e uma partição aparentemente mais simplista, mas que resulta: As canções, Os fados, Os autores e Os compositores, por esta ordem.

São 80 canções e fados numa viagem em 80 tempos pela arte vocal e musical de Carlos do Carmo. Que, mesmo não sendodele a escolha, representa todo o Carlos do Carmo, desde os anos 60 do século XX.

Músicos presentes são inúmeros, e excelentes (Raul Nery, Fontes Rocha, Carlos Paredes, Jaime Santos, António Chaínho, etc), e por entre eles ouvimos Carlos do Carmo acompanhado pelos pianos de Olga Prats (com o Opus Ensemble, em Manhã), de Maria João Pires (em Morrer de ingratidão) ou de Bernardo Sassetti (em O Sol e outras canções).

Há registos antigos,  Loucura ou Estranha forma de vida, duas gravações de 1964; há canções de vários  álbuns, como Mais do que amor é amar (8 temas), À Noite (8), Um Homem na Cidade (7), Uma canção para a Europa (5), Que se fez homem de cantar(5) ou Nove fados e uma canção de amor (5). E há gravações vindas de singles e EP dos seus primeiros quinze anos de carreira: de 1970 (Aquela feia, Júlia florista), 1973 (Pedra filosofal, Ferro-velho), 1975 (Sou da noite), 1976 (Fado Penélope, O que sobrou de um queixume), 1978 (Os putos) ou 1979 (O fado dos cheirinhos).

Este Oitenta é uma sedutora viagem de memória em 80 tempos pela arte vocal e musical de Carlos do Carmo.

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