Socialista António Costa vence as eleições, mas terá que negociar com centro esquerda

Portuguese Prime Minister and general secretary of the Socialist Party Antonio Costa (C) arrives at a hotel in Lisbon.

Source: LUSA

O Partido Socialista é o vencedor, passando de 86 para, por agora 106 deputados. Provavelmente ficará com 108, quando forem apurados os votos das comunidades portuguesas no estrangeiro.


As eleições portuguesas reforçam  o governo socialista, mas mudam muita coisa:

- a Direita tem os piores resultados de sempre, o CDS/PP perdeu a líder e o nº1 do PSD está fortemente contestado.

- a extrema-direita estreia-se no parlamento português.

- três novos partidos e três deputadas negras.

As eleições gerais portuguesas mudaram muita coisa.

Há continuidade do socialista António Costa, como primeiro-ministro, com maioria reforçada, mas a direita fragmenta-se e cai a pique, a ponto de, no conjunto, passar a valer apenas 35% do voto português.

O desastre à direita é tal que logo no começo da noite eleitoral Assunção Cristas, demitiu-se de líder do CDS-PP, após constatar que o partido caía de 17 para apenas 5 deputados. Cristas tinha clamado que haveria de ser primeira-ministra, mas teve apenas 4,25% dos votos e renunciou.

O CDS-PP vai ter um congresso, é provavel que Pedro Mota Soares, apoiado pelo retirado Paulo Portas, venha a ser o sucessor.

No PSD, também desastre: o partido que é central na paisagem política portuguesa recebe a mais baixa votação das últimas décadas, apenas 27,9%, e desce de 102 para 77 deputados. O líder Rui Rio está a ser fortemente contestado, até pelo ex-Presidente da República, Cavaco Silva.

Estes dois partidos, PSD e CDS/PP perderam votos para a abstenção, perderam votos para o PS e perderam votos para vários dos pequenos partidos.

Estes, também são novidade nestas eleições: a Iniciativa Liberal absorveu algum eleitorado habitual do CDS/PP e elegeu um deputado. Novidade principal é o Chega, que estreia com André Ventura a presença da extrema-direita no parlamento português.

A extrema esquerda (cada vez menos extrema) também tem a estreia do partido Livre, com uma deputada, Joacine Katar Moreira, que se tornou mediática pela gaguez (ela repete que não é gaga nas ideias) e por ser uma dirigente negra de movimentos anti-racistas.

Também na esquerda radical, os bloquistas de esquerda confirmaram-se como terceiro partido português, com 9,7% e os mesmos 19 deputados.

O PCP junta-se pela esquerda ao lote dos perdedores à direita: o PCP cai para 6,5% e perde 5 deputados, passa a ter apenas 12.

Entre os que mais progrediram nestas eleições está o PAN-Pessoas, Animais e Natureza que com muito voto jovem alcança 3,5% e passa de um para quatro deputados.

O Partido Socialista é o vencedor, passando de 86 para, por agora 106 deputados. Provavelmente ficará com 108, quando forem apurados os votos das comunidades portuguesas no estrangeiro.

A maioria absoluta no parlamento português é atingida com 116 deputados. No anterior governo, o PS dependia do apoio conjunto dos bloquistas e dos comunistas.

Agora, basta-lhe um destes partidos, mas o primeiro-ministro já confirmado, António Costa, repete que quer manter e até ampliar ao Livre a fórmula que ficou conhecida como geringonça e que foi referendada pelos eleitores.

O governo continuará a ser monocolor socialista, o parlamento terá mais esquerda mas também a estreia da direita radical.

Outra novidade, três deputadas negras, todas à esquerda: Joacine Katar Moreira, cabeça de lista do Livre, Beatriz Gomes Dias, número três do BE, e Romualda Fernandes, em 19º lugar pelo PS, todas por Lisboa, foram eleitas deputadas. Todas são comprometidas com o combate ao racismo, tema que promete fazer parte da agenda durante a próxima legislatura.

“A partir de agora nós, mulheres negras, cada vez que olharmos para a escadaria da Assembleia da República não nos iremos ver apenas com baldes e esfregonas para limpar: estamos lá dentro, temos voz e podemos sonhar”, escreveu uma amiga a Romualda Fernandes.

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