Como vamos viver juntos? Tema da Bienal de Arquitetura de Veneza 2021

Biennale Architettura 2021 Venezia

Biennale Architettura 2021 Venezia Source: Biennale di Venezia

A pandemia nos levou a descobrirmos os valores da vida urbana mais tranquila, com mais pontes entre cidade e campo - e é por esse caminho que têm avançado os representantes portugueses nesta Bienal.


A Bienal de Arquitetura de Veneza começou na semana passada e vai até novembro, com 112 apresentações de 46 países e, desta vez, a discutir como vamos habitar o futuro próximo.

O que é que a pandemia nos ensinou sobre como viver a cidade, como habitar o espaço público?

O que é que deve mudar para o nosso uso dos lugares ter mais satisfação?

É o desafio em discussão nos próximos seis meses na Bienal de Arquitetura de Veneza.
O tema para esta Bienal de Arquitetura – a 17ª – em Veneza, foi definido ainda antes da pandemia mas, com a Covid, ganhou mais premência.

O tema está formulado em forma de pergunta: Como vamos viver juntos?

Entenda-se – como podemos viver melhor – em comum – na comunidade que habitamos.

A ideia de VIVER tomada como não apenas existir mas prosperar, florescer, habitar a vida de modo que possa ser otimista – e com a arquitetura e o urbanismo a contribuírem.

Viver em comum - portanto, com espaços, públicos e privados, moldados de modo a que as pessoas possam ter vida melhor, com mais gosto.

O arquiteto libanês Hashim Sarkis, antigo professor de paisagismo em Harvard, convidado para curador desta Bienal de Arquitetura de Veneza, propõe como base para esta mostra – que vai até novembro – e para as muitas discussões previstas, escutar as pessoas – no lugar onde vivem – e tratar de dar resposta às aspirações que têm, se for caso disso, pensando com as pessoas como é que o espaço público delas pode ficar melhor.

É assim que o comissário desta Bienal entende que – mais do que mostrar o que tem sido feito – a ambição é a de dialogar sobre o caminho a escolher e construí-lo entre todos.

Hashim Sarkis aviva que a pandemia nos levou a descobrirmos os valores da vida urbana mais tranquila, com mais pontes entre cidade e campo – até a ocuparmos os interstícios entre o rural e o urbano que tínhamos deixado para trás.

É por esse caminho que têm avançado os representantes portugueses nesta Bienal de Arquitetura de Veneza – o depA, coletivo baseado no Porto, com os arquitetos Carlos Azevedo, João Crisóstomo, Luís Sobral e também Miguel Santos.

Escolheram a ideia de EM CONFRONTO - como resposta à pergunta chave da Bienal…COMO VAMOS VIVER JUNTOS?

Em confronto - na procura de como criar soluções onde todos tenham lugar à mesa – na expectativa de construir o projeto de futuro mais em comum.

Levam a Veneza o que fica dos debates que já promoveram em Portugal – e vão depois reforçar a discussão com as ideias de outros debates, por exemplo os já apontados para a Trienal de Arquitetura de Lisboa – a meio de junho.

Levam casos portugueses para análise em ponto de partida em Veneza – são 7 – dos terrenos da Margueira em Cacilhas (a agora silenciosa antiga Lisnave – com as discussões sobre o que fazer ali) até, por exemplo, o caso consumado do TRANSPLANTE (efeito da instalação da barragem do Alqueva) da Aldeia da Luz, com os 300 moradores, da velha aldeia para uma nova, a 2 km de distância, com manutenção do essencial da velha aldeia –



É com tudo isto tudo que a Bienal de Veneza convoca os arquitetos, mas também os engenheiros, os artesãos, os biólogos, os físicos, os geólogos, os cientistas sociais, outros, os políticos, todos nós – onde quer que estejamos – para discutirmos, com generosidade, o modo como vivemos e como podemos viver melhor juntos.

O comissário Hashim Sarkis ousa mesmo ambicionar que desta Bienal possa resultar o que chama de contrato social e espacial universal e inclusivo – que possa funcionar como guia, para que as pessoas, os povos, na sua pluralidade, possam prosperar, viver melhor com casas e espaços públicos mais harmoniosos.

…daí a a questão como vamos viver melhor – em comum.

Hashim Sarkis insiste: a experiência que tivemos nestes últimos meses leva-nos a largar mediocridades e a inventar novas aspirações – sociais, ambientais - com mais solidariedade e diálogo.

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