Do Vidigal ao Australian Ballet: conheça o bailarino brasileiro Davi Ramos

A mestra de capoeira sugeriu que a mãe do então menino da periferia do Rio de Janeiro o levasse ao balé, por conta de seu físico avantajado. Assim começou a história do dançarino carioca que se formou no Royal Ballet de Londres, trabalhou no Dutch Ballet em Amsterdã e desde janeiro representa o grande corpo de dança da Austrália. Ele nos conta sua história.

A história de Davi Ramos começou como a de muitos outros meninos das periferias brasileiras. Nascido na Favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, foi morar com a avó no Vidigal quando criança, vivendo na engrenagem social que, com baixíssimas oportunidades a quem pouco ou nada têm, perpetua a desigualdade social do Brasil.

Davi Ramos, em atuação pelo Dutch Ballet, da Holanda, onde trabalhou até 2023.

Mas Davi era bom nos esportes e um destaque na capoeira. Tanto destaque que a mestra da capoeira um dia sugeriu para a mãe dele que levasse o menino, então com 12 anos, para treinar balé, pois seu corpo era ideal para o estilo de dança.

Foi uma observação sagaz. Acatada pela mãe, a sugestão da mestra deu um destino insólito e maravilhoso para o jovem Davi, que passou a praticar balé no Liceu Escola de Dança em Botafogo, no Rio.

O bailarino brasileiro Davi Ramos.

Quatro anos depois, ele entrava como bolsista no Royal Ballet de Londres, um dos mais prestigiados do planeta.

De lá para cá, ascensão: a formação como bailarino na escola britânica garantiu a Davi Ramos uma vaga no Dutch National Ballet, em Amsterdã. E desde o início deste ano, o jovem brasileiro é solista do Australian Ballet, onde trabalha com o americano David Hallberg, que foi um dos grandes bailarinos clássicos e que atualmente é diretor artístico da companhia de balé australiana.

Davi Ramos (da esquerda para a direita, o segundo) junto de outros bailarinos do Australian Ballet no espetáculo 'Études'.

Conversamos com Davi Ramos em meio a sua impressionante rotina de treinos físicos e ensaios, que começa cedo na academia e termina tarde da noite no palco, seis dias por semana, eventualmente em Melbourne, eventualmente em Sydney.

O balé é onde consigo me expressar, colocar minha personalidade no palco. Com certeza foi minha salvação

Davi Ramos.

Nesta entrevista, Davi Ramos conta sua história e sua rotina, relata que seu pai foi contra a carreira no balé no início, apesar do forte apoio da mãe e do restante da família, e diz que a dança é onde pode se expressar livremente.

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