Refugiados e a busca por emprego na Austrália: por que é ainda tão difícil?

Jahidullah Tokhi sitting at his workplace in Sydney.

Jahidullah Tokhi é refugiado afegão e conta que demorou mais de 18 meses para encontrar um emprego na Austrália. Credit: SBS / Sandra Fulloon

Um novo estudo sobre empregadores australianos descobriu que metade deseja contratar refugiados e requerentes de asilo, mas a maioria não toma uma atitude para que isso aconteça. Acadêmicos que estão trabalhando para aumentar as oportunidades de emprego para refugiados, dizem que a mudança de comportamento dos empregadores será um processo lento.


Destaques da Notícia
  • Um novo estudo da Universidade de Sydney chamado ‘Bridging the Gap between Intention and Action’ identificou motivos para contratar refugiados.
  • Dos 35 empregadores pesquisados, 54 por cento não tinham estratégia no local de trabalho para contratar grupos minoritários.
  • Apesar do desejo de contratar refugiados, maioria não toma uma atitude para que isso aconteça.
Jahidullah Tokhi é um refugiado do Afeganistão que trabalha como analista de negócios em um programa de aprendizes, administrado por uma grande rede de supermercados.

Ele diz que esse novo emprego é resultado de uma luta de mais de 18 meses para encontrar um emprego na Austrália.

“Eu vim para a Austrália em agosto de 2021, então tudo era novo para mim aqui. O ambiente era novo e eu não tinha experiência de trabalho local. Por isso, foi um pouco difícil encontrar um emprego na minha área, que é TI.”

Jahidullah tem 32 anos e fazia turnos casuais em uma mercearia para sustentar sua família enquanto buscava outros empregos, mas começou a perder a esperança após 50 tentativas sem sucesso.
Foi um pouco decepcionante para mim porque eu estava tentando muito e trabalhando no meu currículo, estava me candidatando a muitos empregos, mas às vezes eu nem recebia resposta deles.
Jahidullah Tokhi, refugiado do Afeganistão.
Jahidullah fugiu do Afeganistão com sua esposa e filha.

Tendo trabalhado com aliados da OTAN, incluindo a Austrália, ele conseguiu embarcar em um dos últimos voos - depois que a capital Cabul caiu nas mãos do Talibã.

Um novo estudo da Universidade de Sydney chamado ‘’ identificou bons motivos para contratar refugiados – especialmente durante uma escassez nacional de habilidades.

Mas a autora do relatório, a professora Betina Szkudlarek da Escola de Negócios da universidade, diz que poucos estão contratando.
Os empregadores australianos estão realmente perdendo um tremendo conjunto de talentos. Os refugiados trazem todo um conjunto de habilidades, experiências e educação para o local de trabalho. Eles trazem um novo modo de pensar e solucionar problemas que muitos empregadores na Austrália nem considerariam.
Betina Szkudlarek, professora da Escola de Negócios da Universidade de Sydney.
"Eles também trazem uma enorme resiliência. Eles passaram por coisas que nenhum de nós provavelmente pode imaginar. E o emprego é um dos principais aspectos na reconstrução de suas vidas. Por isso, eles estão determinados a fazer valer a pena.”

Refugees meet potential employers at job expo
Refugiados se encontram com potenciais empregadores durante feira de trabalho na Austrália. Source: SBS
O projeto de três anos da professora Szkudlarek colaborou com 35 empregadores em todo o país.

O relatório divulgado recentemente revela que quase metade dos empregadores pesquisados – 46 por cento – estavam ansiosos para “fazer a coisa certa” contratando refugiados.

Porém, dos 35 empregadores pesquisados, 54 por cento não tinham estratégia no local de trabalho para contratar grupos minoritários.

Alguns temiam que a contratação de refugiados aumentasse os custos e exigisse mais funcionários.

O conselho da professora Szkudlarek para os empregadores é começar devagar e se preparar para aceitar as diferenças.

Certifique-se de que seu ambiente de trabalho esteja realmente pronto para receber pessoas de origens culturais diversas, seja qual for a aparência dessa diversidade.
Betina Szkudlarek, professora da Escola de Negócios da Universidade de Sydney.
"Os empregadores precisam saber que existem prestadores de serviços ou organizações de apoio que podem ajudá-los. Eles não estão sozinhos e isso é muito importante. Em segundo lugar, outros colegas do setor podem já ter passado por isso. Portanto, pode ser útil entrar em contato e perguntar sobre o que eles aprenderam com essa experiência e qual caminho seguir.”

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