A cozinha de raiz e de afeto da chef brasileira Ieda de Matos

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A chef Ieda de Matos, do restaurante Casa de Ieda, de São Paulo, no estúdio da SBS. Em missão na Austrália para promover a gastronomia brasileira.

A renomada cozinheira brasileira está na Austrália para promover a gastronomia do Brasil e, em particular, a da Chapada Diamantina, sua terra natal. Nesta conversa no estúdio da SBS, Ieda de Matos nos lembra que toda comida tem, por trás, uma história e personagens, chora ao lembrar do racismo que já sofreu na profissão e conta como se adaptou para suportá-lo. Também dá conselhos aos chefs que tentam a sorte em Down Under.


Todo prato conta uma história. A história das tantas pessoas que inventaram, erraram e acertaram. A história dos ingredientes que viajaram. A história dos produtores das matérias-primas. As histórias que permitiram, enfim, que aquela comida tivesse aquela forma, aquele gosto naquele tempo.

Mais que uma chef, a brasileira Ieda de Matos, é uma contadora de histórias através de seus pratos. A história de seus antepassados, a história de sua família na Chapada Diamantina, e a sua própria história de quem atravessou adversidades para poder inspirar outros chefs a contar suas próprias histórias.
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Ieda Matos durante a masterclass no Le Cordon Bleu de Sydney.
Nascida na Chapada Diamantina, região rural da Bahia, teve uma infância com dificuldades, mas também com um lado bucólico, rodeada de natureza, bichos, com a família a produzir tudo o que comia. Ieda só provou comida feita com gás de cozinha já moça.

Ela morou em Utinga, na Bahia, e também em Salvador e, entre muitas idas e vindas, foi a São Paulo para ficar já depois dos 30 anos de idade. E ali tudo passou a praticar profissionalmente tudo o que aprendeu com familiares na cozinha. Primeiro, vendendo coxinhas, salgados, depois com um food truck. Tirou seu diploma de gastronomia e trabalhou em cozinhas na Bélgica e Inglaterra. Finalmente, abriu em São Paulo o restaurante Casa de Ieda, especializada em resgatar as raízes da comida da Chapada Diamantina.
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Brazilian chef Ieda de Matos during masterclass at a TAFE in Sydney.
Ela é hoje como uma das embaixadoras da nossa comida, e já fez trabalhos no auxílio a refugiados. E também tem um livro publicado chamado "Iemanjá: Aves e Pescados", da "Coleção Ajeum" - uma série livros com receitas temáticas inspiradas nas divindades femininas do Candomblé.

A chef Ieda de Matos está na Austrália para promover a gastronomia brasileira à convite do Consulado do Brasil de Sydney em parceria com o Instituto Capim Santo e com apoio do Instituto Paulo Machado.

Em Sydney ela apresentou uma masterclass para estudantes de gastronomia do TAFE e também do renomado instituto Le Cordon Bleu, além de ter encontro com chefs locais e internacionais.

Ieda de Matos veio acompanhada do marido Zé e do filho Everton, parceiros inseparáveis.
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Ieda em meio ao filho Everton e ao marido Zé em visita à SBS em Sydney: parceiros inseparáveis.
Nesta conversa, ela fala sobre a cozinha como ato sagrado de conexão com a história de sua região e de sua família - e de como a vida corrida contemporânea nos faz esquecer de tudo isso por trás do alimento. Ieda conta como recupera os alimentos típicos da gastronomia da Chapada Diamantina, que diferente em parte da culinária baiana de Salvador. Ela também chorou ao falar sobre a dificuldade em lembrar do racismo que sofreu na cozinha, e de como aprendeu a enfrentar isso para ser mais forte. E também dá dicas aos chefs que tentam carreira na Austrália.

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