Faltam duas semanas para as eleições gerais em Portugal e a tendência é a de continuação de governo do Partido Socialista, embora provavelmente com base mais instável, isto porque o líder socialista e primeiro-ministro António Costa assume o divórcio com a esquerda mais à esquerda (Bloco de Esquerda e Partido Comunista) que sustentou o governo nos últimos seis anos, mas que em novembro subiu as exigências de investimento público e levou a estas eleições antecipadas.
Os três principais institutos de sondagens, a duas semanas das eleições, convergem nas tendências:
- Para o Partido Socialista, liderado por António Costa, 38 a 39% das intenções de voto (é um valor que tem permanecido constante nos últimos anos) e 9 pontos percentuais de avanço sobre o partido rival à direita, o PSD.
- Este (PSD), surge com 30%. É um somatório que a acontecer melhora os 28% das eleições de há dois anos, mas é uma baixa nas expectativas que já chegaram aos 32%.
As sondagens mostram de novo bipolarização da vida política portuguesa com estes dois partidos centrais a representarem mais de 70% do voto.
Há luta cerrada entre 3 partidos pelo 3º lugar nestas eleições com intenções de voto à volta dos 5 a 6%:
- São o Bloco de Esquerda (que tinha quase 10% e cai para os 6%), o Partido Comunista (cai de 7,5 para 5 a 6%) e o partido Chega, de direita-extrema que sobe de 3 para 5 a 6%.
Os analistas políticos notam que Bloco de Esquerda e PCP são penalizados por terem provocado a crise política ao retirar apoio ao Orçamento do governo PS.
O partido Chega, até aqui muito unipessoal liderado pelo populista André Ventura, com vigoroso discurso contra o sistema político português, chegou a atingir 10% nas sondagens, mas agora cai para à volta dos 6%.
Parece funcionar nestas eleições a tendência para voto útil: a esquerda vota PS e a direita vota PSD.
As sondagens mostram que a esquerda em Portugal continua a ter maior peso eleitoral que a direita.
Há outras novidades nas sondagens:
- Crescem dois partidos mais recentes: o Iniciativa Liberal (no centro-direita) e o Livre (centro-esquerda), ambos entre os 2 e os 4%. Os liberais mais perto dos 4% e o Livre mais nos 2%
Outro facto é o eclipse de um partido fundador da democracia em Portugal: o CDS-PP, que foi liderado por políticos como Freitas do Amaral e Paulo Portas, fica agora por 1 a 2% e pode nem eleger deputados. É a consequência de querelas internas, com o voto CDS a escapar para o PSD ou a Iniciativa liberal.
Um dos principais institutos de sondagem, o mais antigo e mais de referência, é o da Universidade Católica. Na sondagem que faz, traduz as percentagens em número de deputados.
Com base nesta sondagem da Católica para a RTP e o jornal Público, para um parlamento em que a maioria absoluta é alcançada com 116 deputados, o Partido Socialista tem prometidos 104 a 113 deputados, portanto, neste caso ficaria a três lugares da maioria absoluta no Parlamento, podendo reunir apoio com o Partido (centrista-ecologista) dos Animais e da Natureza (PAN) e o com Livre (esquerda moderada). E mesmo no cenário dos 104 deputados continua o cenário de maioria de esquerda, com o BE, CDU, Livre e PAN.
Até aqui, Portugal tem sido governado pelo PS apoiado pela esquerda mais à esquerda.
A partir destas eleições, uma possibilidade é de governo do PS com apoio do PAN e do Livre.
Não é de excluir alguma negociação com o PSD.
O que já não parece possível é uma reviravolta que faça do PSD partido maioritário. Nenhum estudo de opinião aponta nesse sentido, nada sugere, até agora, viragem de tendências.