"Acho que ainda existe um longo caminho pela frente", diz brasileiro autor de livros sobre futebol feminino

Sam Kerr celebrates with Hayley Raso after scoring a goal in the 2023 FIFA Women's World Cup

As Matildas chegaram pela primeira vez a uma semifinal de uma Copa do Mundo. Porém, a liga nacional feminina ainda carece de apoio. Source: AAP / Sports Press Photo/Sipa USA

A Copa do Mundo feminina da FIFA da Austrália e da Nova Zelândia registrou recorde de público nos estádios e oferecerá a maior premiação da história para o futebol feminino. Porém, a desigualdade de gênero no esporte é ainda grande e é tema de coletânea de livros laçada pelo acadêmico brasileiro de Sydney, Jorge Knijnik.


A Copa do Mundo Feminina da FIFA 2023 disputada na Austrália e na Nova Zelândia já é de longe a maior em termos de público e premiação da categoria.
A equipe campeã desse Mundial receberá um prêmio de 4,3 milhões de dólares americanos, que serão repassados à federação nacional do país vencedor.

As seleções receberão a seguinte premiação pela participação na Copa do Mundo:
  • Fase de grupos: US$ 1,5 milhão
  • Oitavas de final: US$ 1,8 milhão
  • Quartas de final: US$ 2,1 milhões
  • Quarto lugar: US$ 2,4 milhões
  • Terceiro lugar: US$ 2,6 milhões
  • Vice-campeão: US$ 3 milhões
  • Campeão: US$ 4,3 milhões
Porém, a desigualdade entre os homens e as mulheres no esporte é ainda grande. As jogadoras ganharão no torneio deste ano, em média, apenas 25 centavos para cada dólar ganho pelos homens na Copa do Mundo do ano passado, no Catar.

Refletindo sobre as desigualdades e os desafios ainda enfretados pelas mulheres no esporte, no futebol em específico, o acadêmico brasileiro de Sydney, Jorge Knijnik, lançou recentemente uma coletânea de livros em português e em inglês sobre o assunto.
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Acadêmico brasileiro de Sydney, Jorge Knijnik. Credit: Sally Tsoutas/Sally Tsoutas
Os livros “Futebol das mulheres no Brasil: emancipação, resistências e equidade” e “Women’s Football in Latin America” (Vol. 1 e 2) buscam fazer uma análise e reflexão sobre igualdade de gênero no futebol no Brasil e na América Latina, com a colaboração de diversos pesquisadores não apenas do Brasil, mas também da Austrália e de diversos países da América Latina.
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Capa do livro "Futebol das mulheres no Brasil: emancipação, resistências e equidade”, de Jorge Knijnik e Soraya Barreto Januário.
“Os livros tratam das questões socio-culturais e históricas. Partes dos livros aboradam a questão do desenvolvimento histórico do futebol das mulheres tanto no Brasil quanto na América Latina. Há também várias questões sociológicas, como mídia e identitade de gênero.”

Apesar do sucesso desta edição da Copa do Mundo feminina, com as Matildas chegando pela primeira vez a uma semifinal de um Mundial, Jorge diz que muito ainda tem que ser feito para conquistar a igualdade de genêro no esporte, inclusive na Austrália.
“Apesar da Austrália ter ido super bem na copa, eu não acho que a futebol feminino como um todo vai bem. A realidade aqui é bem diferente da de outros países como França e Suécia, onde os esportes coletivos para as mulheres têm um grande apoio do governo."
Acho que ainda existe muita opressão e um longo caminho a ser percorrido.
Jorge Knijnik

Jorge Knijnik

Docente da Western Sydney University, em Nova Gales do Sul, o brasileiro Jorge Knijnik é professor associado da Faculdade de Educação e pesquisador sênior do Centro de Pesquisas Educacionais (CER) e do Instituto de Cultura e Sociedade (ICS).

Jorge nasceu em Porto Alegre, possui graduação e mestrado em Educação Física e doutorado em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, onde foi docente por muitos anos.

Em 2009, Jorge imigrou para a Austrália com seus quatro filhos pequenos e sua esposa. Jorge é autor e organizador de vários livros, sendo os mais recentes Histórias Australianas: Cultura, educação e esporte do outro lado do mundo (Fontoura); The World Cup Chronicles: 31 Days that Rocked Brazil (Fair Play); Embodied Masculinities in Global Sport (FIT Publishing); Gender and Equestrian Sport: Riding around the World (Springer); Gênero e Esporte: Masculinidades e Feminilidades (Apicuri); Meninas e meninos na educação física: gênero e corporeidade no século XXI (Fontoura) e Handebol (Odysseus).

Clique para baixar gratuitamente o livro “Futebol das mulheres no Brasil: emancipação, resistências e equidade”.

Para ouvir, clique no 'play' acima, ou procure o perfil da SBS Portuguese no seu agregador de podcasts favorito.

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