A União Europeia, que não reconhece a legitimidade democrática de Nicolás Maduro, em apoio à luta pla liberdade pla democracia conduzida pelos atuais líderes da oposição venezuelana, entrega-lhos hoje no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o Prémio Sakharov, de 2024 – dedicado à liberdade de consciência.
O Prémio Sakharov foi criado em 1988, com o nome do perseguido físico nuclear soviético, valente defensor da democracia e dos direitos humanos.
Edmundo Gonzalez tem estado exilado em Madrid, anuncia o regresso em breve à América Latina – quer passar pelo Chile e pela Argentina antes do dia 10 de janeiro – o dia marcado ara a investidura residencial na Venezuela.
Ele repete que pretende ser empossado presidente – mas não se vê que o regime ceda, pelo menos or agora.
O prémio Sakharov vai também para Maria Corina Machado, 57 anos, a mulher carismática que soube unir a oposição venezuelana – é perseguida plo regime, ela está na clandestinidade, dentro da Venezuela, admite-se que refugiada numa embaixada. É assim a filha Ana Corina quem, como representante dela, vai hoje receber o prémio Sakharov, em nome da mãe.
O sociólogo venezuelano Ramon Pinango, doutorado em Harvard nos Estados Unidos onde é professor emérito tal como em outras universidades, tem dedicado a vida a analisar a realidade política, social económica do país dele, a Venezuela.
Ele constata que o país viveu na segunda metade do século passado sobretudo nos anos 70 e 80– o tempo da presidencia Carlos Andrez Perez e da grande dependência global do petróleo sempre abundante na Venezuela – um tempo de farturas, prosperidade económica – apesar de grandes bolsas de pobreza.
Até projetos de inovação social, como o caso famoso do Sistema de Orquestras da Venezuela que através da musica levou educação a dezenas mesmo centenas de milhar de jovens venezuelanos – e que gerou talentos musicais cimeiros e estrelas como o maestro Gustavo Dudamel.
Pinango escreve no livro O Caso Venezuelano – que naquele tempo em que tudo parecia possível – faltaram alicerces para o desenvolvimento – houve a ilusão de que o petróleo era uma magia que tudo resolvia – mas faltou enraizar o que parecia ser democracia – ficou favorecido o cultivo de homens providenciais como lideres e até heróis políticos.
É assim que um militar populista – Hugo Chavez - com discurso bolivariano com doutrina esquerdista e prioridade aos pobres e a todos os excluidos – depois de em 92 ter falhado uma tentativa de golpe de estado contra o presidente andrez perez – em 99 chavez veio a triunfar em eleições, liderou a venezuela até morrer de cancro em 2013 – sucedeu-lhe o vice, também da tropa, Nicolas Maduro.
É assim que a Venezuela está há 25 anos em regime populista autoritário no modelo da velha esquerda latino-americana, sendo que nos últimos 10 anos, o tempo é de grande disparo de crise que é social, económica, política com as sanções internacionais ao regime que Maduro herdou de Chavez a agravarem ainda mais a penúria que está a deixar quase todos em pobreza, desespero muito sentido por quase 600 mil nacionais portugueses e lusodescendentes na Venezuela.
Mais de 7 milhões entre os 30 milhões de venezuelanos – saíram do país na última decada.
Com a presidência Maduro tem crescido nos últimos anos a repressão em cerco cada vez mais forte – a qualquer forma de oposição democrática – designadamente a da direita politica, houve a tentativa encabeçada por Guaidó – mas que o regime veio a neutralizar – aliás conseguiu mesmo – através dos negócios do petróleo aliviar alguma da muito intensa pressão internacional.
O presidente Maduro comprometeu-se, a troco de alguma benevolência internacional – a realizar eleições a meio deste ano – 28 de julho.
A oposição invoca atas eleitorais que garante comprovarem o triunfo folgado e eleição do candidato presidencial, o veterano diplomata Edmundo González, o regime, proclama a vitória e reeleição de Nicolas Maduro – cenário que é recusado pela maioria dos países europeus, pelos EUA e que suscita dúvidas a aliados tradicionais do regime venezuelano, como o presidente Lula do Brasil e Petro da Colombia.
Esperança – mas também muita incerteza, muitos receios
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