A resposta, segundo Daniel, é sempre a mesma e vem sempre com um sorriso. “Eu dou risada, digo que amo o Rio, amo o Brasil e que aqui há muitas oportunidades para empresas australianas.”
Formado em Engenharia em Geelong e com experiência nas maiores empresas de mineração do mundo, Daniel não sabe dizer porque se apaixonou pelo Brasil, “não lembro,” conta, dez anos depois de ter se mudado definitivamente para o Rio de Janeiro.
Do trabalho em engenharia para o de barista do próprio carrinho – que ele mesmo desenhou e depois importou da Austrália – foi um processo lento.
Das férias no Rio de Janeiro em 2007, para a vinda definitiva em 2009, até a abertura oficial do negócio em março de 2017, Daniel lembra que a ideia de abrir o próprio negócio surgiu em casa, conversando com os amigos.
“Eu sentia muita falta do café que eu tomava em Melbourne, então sempre fiz do mesmo jeito que consumia em Melbourne. No sábado meus amigos australianos expatriados vinham me visitar, tomar o meu café e sempre me diziam; ‘porque não abre o próprio negócio? café brasileiro tirado no estilo australiano?”
Nessas conversas inclusive que nasceu a ‘catchphrase’ do negócio ‘café brasileiro em estilo australiano’. Segundo ele, o café é tão bom que não precisa adoçar.Além de tirar um café mais encorpado e “intenso”, ele também credita o sucesso de seu negócio ao bom atendimento.
Daniel’s coffee kiosk in Rio Source: Facebook
“Na Austrália quando você vai tomar um café, você conversa com o dono. Aqui no Brasil, isso não existe. No meu café eu chamo os clientes pelo nome, sei o que eles vão fazer no fim de semana, onde trabalham, e eles falam diretamente comigo, se tem algum problema, eles vêm falar comigo, sabem que sou o dono. Eles também sabem dos meus dias bons e ruins, se estou meio quieto eles me perguntam, ô Daniel, tudo bem?”
De acordo com Daniel, os brasileiros são diretos e não inventam. “No Brasil, os clientes pedem um expresso ou cappuccino e é isso. Na Austrália o cappuccino pode ser tomado com leite de soja, o nosso famoso flat white (uma parte café expresso e cinco partes de leite), pode ser mais ou menos quente, com canela, com grão verde, açafrão. No Brasil eles não mexem no meu cardápio. A Austrália exige mais do barista.”
Mas tem um ingrediente que os brasileiros pedem com frequência e após alguma relutância Daniel pretende colocar no cardápio.
“Eu não trabalho com chantilly mas ouço isso todos os dias. Os meus clientes brasileiros pedem, então isso eu pretendo adicionar no menu. Brasileiro adora chantilly.”
Daniel inclusive tentou introduzir os copos biodegradáveis ‘takeaway’ tão comuns na Austrália, mas não deu certo. “Comprei centenas de copos e estou com eles até hoje. Brasileiro não pede takeaway, eles vêm sentam, tomam o café no ponto, conversam com os amigos e vão embora. Eles têm essa cultura.”Sobre como é conhecido no Brasil, Daniel diz que gosta de se chamar ‘australioca’. “Ainda tenho uma parte que é de gringo, mas agora vou para o boteco ‘pé-sujo’ com meus amigos, sento numa mesa de plástico. Aqui a cerveja vem em garrafa de 600ml e é dividida por todos, que tomam lentamente e depois de 5 horas sentado no bar bebendo você paga sua parte e vai embora."
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'Carioca' long coffee Aussie style Source: Facebook