A Austrália tem uma ampla e diversa agenda de festivais em todas as regiões do país. Nos grandes centros, mas também em cidades pequenas, e dos mais diversos segmentos.
Esta semana está sendo realizado em Melbourne um festival de cultura e gastronomia, mais especificamente música e churrasco, com direito a competição entre churrasqueiros.
E é claro que não poderia faltar brasileiro nesse tipo de festival, já que o churrasco é uma das formas mais populares do preparo de carnes no Brasil.
Mas em competições como essa os participantes devem saber preparar um tipo de churrasco específico, que pode ser bem diferente daquele que fazem com mais frequência para os amigos e a família.
Brasileiro fazendo churrasco na Austrália
O brasileiro Adriano Andrade, que integra a organização e compete em uma das categorias do festival , diz que começou a ter contato com competições de churrasco há cerca de cinco anos, quando se juntou com colegas de trabalho para formar um time e competir na categoria “American Barbecue”.
Adriano explica que o churrasco preparado nos Estados Unidos ganhou fama em vários países como Austrália, Nova Zelândia e no continente europeu através de programas exibidos por streaming como Netflix, com campeonatos de churrasco que começaram a ser realizados nos EUA, onde segundo Adriano eles gostam de criar competições com regras.
Ele exemplificou a popularidade do churrasco norte-americano: “tem a costelinha de porco com molho barbecue que todo mundo conhece. E eles fazem muita coisa defumada.”
(O American Barbecue) tem a costelinha de porco com molho barbecue que todo mundo conhece. E eles fazem muita coisa defumada.
Segundo Adriano, o campeonato de “American Barbecue” chegou na Austrália há cerca de 10 anos, quando a se interessou em organizar esse tipo de evento no país. A associação é responsável por definir as regras, pontuação, orientar os jurados e e cuidar da estrutura das competições de churrasco.
Dentro dos festivais que o Adriano ajuda a organizar, são dois tipos de competição. Além do “American Barbecue”, que é uma disputa mais demorada, podendo durar de 12 a 14 horas e ser realizada em dois dias de festival, há também a competição mais curta em que os churrasqueiros preparam um tipo de proteína, que varia a cada campeonato, e podem usar suas próprias técnicas.
De olho na primeira colocação
O Adriano inclusive está em segundo lugar na categoria “steak”, que é fixa, na qual ele compete individualmente. “Estou dois pontos abaixo do primeiro lugar. Então estou torcendo muito para dar tudo certo nas próximas competições e eu poder subir um degrau e chegar no topo do ranking.”Sobre a premiação, Adriano diz que ela é feita em dinheiro, com troféu e a qualificação. Dependendo da posição em que a pessoa fica no campeonato nacional, ela ou a equipe podem ter as portas abertas para participar de competições em outros países.
Adriano compete na categoria fixa "Steak" no Meatstock. Ele está em segundo lugar, apenas dois pontos abaixo do primeiro, e quer chegar ao topo do ranking. Source: Supplied
“Os campeonatos da Austrália abrem portas para os churrasqueiros que se destacam participarem de campeonatos nos EUA, onde só é possível participar por convite. O vencedor do campeonato de “steak” na Austrália vai direto para a final do campeonato no Texas. E o time do Brasil que ganha o nacional vai pra Huston, um dos maiores campeonatos de American Barbecue do mundo, e também para o Meatstock em Sydney.”
Os campeonatos da Austrália abrem portas para os churrasqueiros que se destacam participarem de campeonatos nos EUA, por exemplo, onde só é possível participar por convite.
Ao falar dos campeonatos fora da Austrália, Adriano destaca que este ano pela primeira vez o Brasil vai sediar um Meatstock, em julho em Sorocaba, e que ele está muito empolgado para ir até lá participar.
Onde é feito o melhor churrasco?
Quando perguntado sobre o tipo de churrasco preferido, se o preparado na Austrália, nos EUA ou no Brasil, Adriano diz que “para não comprar briga” responde que o churrasco que mais gosta é o que ele mesmo prepara, e que, na opinião dele, “o melhor churrasco para mim é aquele que envolve todas as técnicas e todas as formas, que você pode cozinhar para a sua família e para os seus amigos. É mais o evento em si do que a técnica.”
O melhor churrasco para mim é aquele que envolve todas as técnicas e que você pode cozinhar para a família e os amigos. É mais o evento em si do que a técnica.
Apesar de os ingressos para o festival do final de semana em Melbourne já estarem esgotados, Adriano destaca que ainda serão realizadas as etapas do Meatstock em Toowoomba em abril e Sydney em maio. E que cada edição tem suas características próprias, como shows musicais de artistas que seguem um estilo específico e até mesmo os tipos de atrações em cada cidade.
“O mais legal do festival é que ele muda um pouco o formato conforme a região onde é realizado. O de Toowoomba vai ter rodeio, enquanto o de Sydney é o maior de todos e vai ter a participação da equipe do Pitmasters Brasil na competição.”Adriano destaca que quem vai ao festival apenas para curtir, sem competir, também pode aprender com os profissionais do churrasco, que podem dar uma pausa no que estão fazendo para ensinar sobre cortes, técnicas, temperos e molhos a quem tem interesse. E também tem a área de restaurantes para quem quer degustar as carnes.
Equipe Pitmasters Brasil, de churrasqueiros profissionais, que vai competir no Meatstock de Sydney em maio deste ano. Source: Equipe Pitmasters Brasil
Brasil no circuito de festivais
Sobre o Brasil estar entrando no circuito do festival Meatstock, Adriano diz que a ideia é gerar uma espécie de intercâmbio. “A tendência é levar pessoas daqui para divulgar a cultura australiana no Brasil e vice versa. A intenção nos próximos anos é criar espaço para o churrasco brasileiro.”