Os símbolos da revolução democrática são o cravo na ponta do cano de uma espingarda e a a canção Grândola, o povo é quem mais ordena, escrita, composta e cantada por Zeca Afonso. Esta canção passada na rádio foi a senha para que os capitães revolucionários saíssem dos quartéis à cabeça das tropas para derrubar o regime de ditadura.
Zeca Afonso é um símbolo máximo da canção de intervenção em Portugal, que tem outros nomes grandes como José Mário Branco, Adriano Correia de Oliveira, Sérgio Godinho, Vitorino, outros mais, quase todos forçados ao exílio pela repressão da ditadura instalada até 74.
Mas havia as vozes que dentro de Portugal também desafiavam o cinzentismo do regime. Foi o caso de Paulo de Carvalho, foi o caso de Simone de Oliveira a cantar na Desfolhada que quem faz um filho fá-lo por gosto, foi o caso de Fernando Tordo que no festival da canção de 1973, trocou as voltas à censura com a Tourada
Os coronéis da censura, ao ouvirem os versos que Ary dos Santos escreveu para esta cantiga, julgaram precipitadamente, que a canção era o elogio da tourada, quando afinal era a denúncia da tourada que era o regime político autoritário de então.
E é precisamente Fernando Tordo quem nos explica que os festivais da canção foram, para além da revelação de novos criadores musicais, a confirmação de um extraordinário audaz poeta-letrista, José Carlos Ary dos Santos, e poemas que despertaram consciências para a aspiração de liberdade.
Com canções - lembra-nos Fernando Tordo - que chegaram ao festival RTP da canção a partir do tempo do Maio d 68 em França – mas o grande ano foi mesmo o de 73 em que o poeta Ary dos Santos chegou ao festival com 6 das 12 canções
às quartas-feiras e domingos.
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