Paulo Silas, ex-jogador da seleção brasileira, ex-craque do Buenos Aires San Lorenzo, treinador e atualmente comentarista da ESPN Brasil e Fox, esteve algumas vezes na Austrália a convite do .
Ele falou com a SBS em Português sobre quem era Diego Maradona, com quem dividiu o campo várias vezes, em campo, e fora dele.
“Um dia triste hoje, de muita consternação. Não só aqui na América do Sul, mas na Itália, também na Espanha e no mundo, para aqueles que tiveram o Maradona jogando pelos seus países, para os fãs do futebol e de um dos melhores jogadores de todos os tempos”.
LF - Como foi seu dia hoje, como recebeu a notícia?
Silas - Foi um dia muito triste, porque eu tinha ido treinar de manhã com alguns jogadores da Ponte Preta, estava na hora do almoço, quando um amigo argentino mandou uma mensagem por WhatsApp dizendo que o Maradona tinha falecido. Eu estava acompnhando sabia que estava se recuperando da cirugia no cérebro.
Fiquei triste, até hoje tenho duas camisetas assinadas por ele aqui, uma do Boca Juniors e outra da seleção argentina, assinada por ele também. Jogamos várias vezes, uma vez um jogo beneficente em Cuba e depois tivemos um jogo em Barcelona, que foi a Seleção do Resto do Mundo contra a seleção da Europa.
Ele era um ser humano extraordinário.
LF - Desses jogos que vocês jogaram, como foi para bater bola com ele? Deu para ver aquela genialidade em campo pela qual ele ficou tão famoso?
Silas - Sem dúvida. Luciana Um cara com uma qualidade técnica fora do normal e a gente conseguiu fazer alguns movimentos, alguns malabarismos principalmente nestes jogos exibição. A gente fica numa situação bem delicada porque a gente nunca teve na pele do Maradona para saber o que realmente significa esse assédio que ele sofria. Não vive a vida, né? Muito complicado, não poder sair na rua.
Ele foi um romântico do futebol, um cara com uma classe fora do comum. O Maradona sempre foi a bandeira da Argentina. Eu acho que o legado que ele deixa é de um jogador que amava jogar futebol acima de qualquer coisa.
Ele não era um cara preocupado com as confuões do futebol. Foi um dos últimos grandes craques do futebol. Eu acho que dificilmente a gente vai ver jogadores como Maradona, que sabia ser craque e, ao mesmo tempo, sabia vender o espetáculo, sabe? Sabia que as pessoas que iam ao estádio, comprar um ingresso queriam ver show.
LF - Como foi o jogo entre o Boca e o San Lorenzo, o ‘time do Papa Francisco’, pelo qual você jogou quatro anos e marcou centenas de gols?
Silas - Nós jogamos logo depois que o Maradona retornou da Itália, jogamos na La Bombonera, estádio do Boca Juniors. Meus amigos argentinos mandaram o video, e eu fiquei muito feliz, porque a gente estava se cumprimentando ali. Era um cara que tinha um carinho muito grande pelo brasileiro. Infelizmente o futebol hoje tá chorando. A bola está chorando.
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