Doutor “faixa-marrom”: lutador de Jiu-Jitsu brasileiro é médico de cidade no interior da Austrália

Marcelo Wierzynski de Oliveira

Marcelo é médico clínico geral (GP) e lutador faixa-marrom de Jiu-Jitsu em Gunnedah, no interior de NSW.

Marcelo Wierzynski de Oliveira é médico e lutador de Jiu-Jitsu. Ele se mudou recentemente da agitada Porto Alegre para a pacata cidade de Gunnedah, no interior de NSW, onde além de prestar cuidados médicos à população local, ensina a arte marcial para novos lutadores. Nessa entrevista, ele conta como é viver e ser médico em uma área regional da Austrália.


Destaques da notícia
  • Marcelo Wierzynski de Oliveira é médico Clínico Geral (GP) e faixa-marrom de Jiu-Jitsu.
  • Ele se mudou de Porto Alegre para a pequena cidade de Gunnedah, no interior de NSW.
  • Por conta da carência de médicos, ele foi patrocinado por uma clínica na cidade com um visto de trabalho qualificado.
  • Além de médico, Marcelo também treina e ensina Jiu-Jitsu em uma academia local.
Major da Força Aérea brasileira e médico otorrinolaringologista, o brasileiro Marcelo Wierzynski de Oliveira é um dos mais novos médicos da pequena cidade de Gunnedah, no noroeste de NSW, com cerca de 11 mil habitantes.
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Marcelo é médico otorrinolaringolgista no Brasil. Na Austrália, ele atua como clínico geral (GP) na pequena Gunnedah, em NSW.
Natural de Porto Alegre, Marcelo mudou-se recentemente para a Austrália, sem passar pelas grandes capitais. Marcelo escolheu viver em Gunnedah, onde o irmão, que é Geólogo, já mora há 10 anos.

“Eu vim para cá três vezes para visitar meu irmão e gostei. O meu irmão é vizinho de um médico, que me abriu as portas para trabalhar em sua clínica aqui em Gunnedah”.
Beautiful view on the town suburb houses situated in picturesque valley surrounded by the hills. Porcupine lookout, Gunnedah, NSW, Australia
Gunnedah tem cerca de 11 mil habitantes e fica localizada na região nordeste de NSW, a 75 km de Tamworth. Source: iStockphoto / Daria Nipot/Getty Images/iStockphoto
O sistema de medicina australiano é bem diferente do brasileiro, e geralmente os profissionais que buscam o reconhecimento de diploma de outros países precisam fazer um período de re-treinamento e re-avaliações.
O processo para se tornar um especialista é ainda mais longo que no Brasil. Marcelo passou nas provas de especialização como Clínico Geral (GP) na Austrália, mas não como otorrinolaringologista, área em que atuava no Brasil.

O médico brasileiro pleneja trabalhar alguns anos como Clínico Geral (GP), antes de tentar novamente a prova de especialização em otorrinolaringologia.

Em Gunnedah, ele foi patrocinado por uma clínica médica na cidade e veio para Austrália com um visto de trabalho.

“É um visto temporário de trabalho de 4 anos. Ele exige que eu trabalhe somente nessa clinica que me contratou e a partir do segundo ano eu já posso aplicar para a Residência Permenante."
Por trabalhar em uma área regional, todos os prazos nas áreas urbanas, para mim são reduzidos pela metade.
Segundo Marcelo, as pessoas ficaram extremente contentes com a chegada de um novo médico na cidade, onde a rotina é bastante diferente da agitada vida em Porto Alegre.

“Eles foram muito receptivos e me receberam muito bem por aqui. Eles não se importaram com meu sotaque do português. Aqui a cultura é bastante diferente do Brasil. As pessoas acordam muito cedo para ir para as minas e para as fazendas e voltam só no fim do dia.”

A escassez de mão-de-obra é um dos grandes problemas nas áreas regionais da Austrália. E, em Gunnedah, não é differente.

Marcelo conta ainda que quase todos os estabelceimtnos da cidade estão precisando de gente para trabalhar e, por isso, “emprego é o que não falta”.
Como a carência de medicos é muito grande por aqui, muitos pacientes não conseguiam marcar consultas. Ele foram muito gratos por ter um outro médico na cidade.
"Aqui na Austrália, muita gente vem na consulta médica só para verifcar se está tudo bem, como um check-up.”

Além de médico, Marcelo é também faixa-marrom em Jiu-Jitsu. Ele treina desde 2008 e já participou de três mundiais.
Marcelo Mundial
Marcelo (dir.) durante cerimônia de premiação do Mundial de Jiu-Jitsu de 2018, nos Estados Unidos.
A paixão pelo esporte não ficou de lado em Gunnedah.

Marcelo conta que logo que se mudou para a cidade, encontrou um grupo para seguir com sua rotina de treinos.
Marcelo Jiut-Jitsu
Marcelo (esq.) é faixa-marrom de Jiu-Jitsu.
“Eu encontrei um anúncio no Facebook de pessoas que estavam começando uma academia por aqui. O grupo é formado basicmante pelos trabalhadores das minas. Como eu era o mais graduado da academia, eles me convidaram para dar aulas e ajudar com o treino.”
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Marcelo (centro) e colegas da academia local de jiu-jitsu.
E para quem pensa em seguir os mesmos passos e se mudar para uma área regional da Austrália, Marcelo recomenda pesquisar bem antes para evitar surpresas.

“Revise o contrato com seu empregador antes de chegar para não ser surpreendido pela parte financeira e pesquise antes de vir. Existem muitas vantagens por aqui. O custo de vida é bem mais barato. É realmente fácil se adaptar no interior da Austrália, porque as pessoas precisam de você.”

Para ouvir a entrevista completa, clique no 'play' nesta página, ou ouça no perfil da SBS Portuguese no seu agregador de podcasts favorito.

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