Eles largaram a vida na cidade grande para viver na Austrália rural

Conversamos com brasileiros e portugueses que trocaram a vida em Sydney, Brisbane, Perth e Camberra por espaço, sossego, senso de comunidade e contato com a natureza. Em suas propriedades rurais, eles plantam, colhem, cuidam de animais e ensinam aos filhos a importância de entender de onde vêm os alimentos e de viver em harmonia com o meio ambiente.

A brasileira Ana Gabriela Laverde e seu parceiro australiano Jackson Millan andavam cansados da vida de cidade grande em Sydney. Amante dos animais, vegana e nascida em São Paulo mas criada em Botucatu, Gabriela sonhava em resgatar as coisas boas que tinha no interior paulista.

Gabriela junto do parceiro Jackson e um dos porcos de seu santuário para animais de fazenda: "A gente tem uma vida de comunidade bem bacana, quandos os porcos fogem, os vizinhos trazem de volta pra gente".

Houve um momento então em que o casal fez uma lista de coisas que gostaria de ter em um novo lar fora da cidade grande. Podendo trabalhar remotamente, passaram meses em viagem explorando diversas localidades entre a capital de Nova Gales do Sul e o Top End de Queensland.

E foi no meio do nada de Queensland, ao sul de Cairns, que Gabriela e Jackson encontraram o que a brasileira define como "um pedacinho de paraíso".

A paulistana Janaina Ricci já viveu com o parceiro Jason e os filhos em uma fazenda ao norte de Nova Gales do Sul. Hoje, vivem em Mackay, longe das maiores cidades de Queensland.

"É um paraíso tão escondido que nem a galera local sabe onde a gente mora. Pra ter uma noção, a cidadezinha aqui perto chama Babinda e tem 1200 habitantes. E não conhecem onde moro, apesar de não ser longe. Para chegar na civilização, tem uma rua que passa por cima de uma pontezinha baixa num rio de maré com crocodilo de água salgada. E esse rio de maré é propenso a inundar, então a gente fica ilhado na nossa propriedade algumas vezes por ano. Mas faz parte."

Gabriela Laverde encontrou o clima de interior que buscava, depois de encarar a solidão de Sydney quando mudou para a Austrália em 2016.

Rafael Lara e suas plantas: durante a infância na Zona Leste de São Paulo já sonhava em "viver no mato".

Ana Gabriela e Jackson são parte de um movimento cada vez maior na Austrália. Segundo o think tank Regional Institute Australia, cerca de 600 mil moradores de grandes cidades do país se mudaram para áreas regionais ou rurais nos últimos cinco anos, impulsionados pela alta dos preços de moradia e pela pandemia de COVID-19.

Quem puxa a tendência são justamente jovens adultos nascidos no exterior, como Gabriela, e jovens australianos, como Jackson. Sydney e Melbourne são as metrópoles que mais perderam moradores no período.

O potiguar Solanno Dias, que vive ao sul de Perth: 'Hoje em dia vivemos numa sociedade em que as pessoas não entendem de onde as comidas vêm. Acham que é tudo ali preparado atrás do supermercado".

Em sua nova morada em um dos muitos cafundós de Queensland, o casal colocou em prática o que é o sonho de muita gente: montar uma espécie de santuário de animais de fazenda na propriedade.

Nesta reportagem de áudio, Ana Gabriela conta como montou um santuário de animais de granjas e fazendas de laticínio em sua propriedade.

Também conversamos com Solanno Dias, de Natal, que mora na zona rural de Perth. Ele queria que os filhos entendessem de onde vêm a comida e a oportunidade de brincarem com muito espaço.

Ouvimos o engenheiro Rafael Lara, de São Paulo, que planta diversos vegetais brasileiros que o faz matar a saudade da terra natal.

A portuguesa Graciete Ferreira conta as vantagens de se morar em ambiente rural, mas pertinho de Camberra.

E Janaína Ricci, de São Paulo, que vive bucolicamente com a família em Mackay (QLD), onde planta usando técnicas de permacultura.

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