Feira do Livro nos Emirados Árabes tem destaque para a navegação dos portugueses no Golfo Pérsico

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O Theatrum Orbis Terrarum ("Teatro do Globo Terrestre"), de Abraão Ortélio, publicado em 1570 em Antuérpia, considerado o primeiro atlas moderno, resultado das intensas explorações marítimas, época em que os portugueses chegaram também no Golfo Pérsico.

A feira do livro de Sharjah, que é um dos sete Emirados Árabes Unidos, é uma das maiores do mundo, e nela estão expostos mapas antigos, livros, documentos e imagens das experiências portuguesas pelo Golfo Pérsico nos tempos do império.


Sharjah é um dos sete Emirados Árabes Unidos. Tal como o Abu Dhabi e o Dubai, bem mais conhecidos.

Estão na continuidade uns dos outros, banhados pelas águas do Golfo Pérsico. Cada um dos sete tem um emir como soberano.

O xeique de Sharjah, Muhamad al Qasim, tem uma particularidade que o distingue; dá valor prioritário à cultura.

Na capital, uma cidade cosmopolita com ampla marginal e quase 2 milhões de pessoas, há uma rede de museus, galerias de arte, bibliotecas…. a cidade que tem o nome do Emirado, Sharjah, acolhe uma Bienal de Arte Contemporânea, que é liderada pela filha do emir.

E ainda mais: organiza uma feira do livro que concorre com as mais relevantes pelo mundo.

No Ocidente, cultiva-se a Feira de Frankfurt como a Meca global da edição e do livro, mas os números da Feira do Livro de Sharjah não lhe ficam atrás.

No ano passado teve 2 milhões de participantes e visitantes.

Este ano a feira do livro de Sharjah abriu em 1 de novembro e prolonga-se até 12 de novembro.

Os dados sobre esta feira impressionam:

- 2.200 expositores, a maior parte editores de 112 países, centenas de escritores, está lá em peso todo o Médio Oriente, muita Ásia, também muita Europa e Américas.

A Coreia do Sul é o país convidado este ano, mas Portugal tem lugar privilegiado.

Vemos nas imagens o stand de Portugal logo no centro do grande átrio da nave principal. Essas imagens também mostram como a surpresa da instalação atrai muitos visitantes.

O stand é da Universidade de Coimbra e o projeto do Ateliê do Corvo, Carlos Antunes e Désirée Pedro. Trata-se de uma carruagem – 18 metros de comprimento - toda em vidro pintada a preto mas com transparências.

Lá dentro, expostos mapas antigos, livros, documentos imagens.

Título genérico os portugueses no Golfo – entre 1507 e 1650, uma experiência interligada.

Há debates, por exemplo: a experiência dos navegadores portugueses do século 16.

Também os mapas e a literatura envolvendo o Golfo Pérsico no tempo do império português.

Ainda em tema - a primeira globalização da arquitetura, através das fortificações portuguesas noo Golfo Pérsico, no século 16.

Em fundo a isto tudo a dedicação do emir de Sharjah ao estudo do passado – como alicerce para o que é contemporâneo – e aqui entra forte a ligação com Portugal – tendo como base a Universidade de Coimbra que já organizou no ano passado nas salas do Arquivo da Universidade as jornadas literárias de Sharjah, coincidiram com a atribuição do título de doutor honoris causa ao emir sultão al-Qasimi de Sharjah.

A cultura, assim a funcionar como base para uma ponte de afeto entre um dos Emirados Árabes e Portugal – a relação especial foi notada na abertura oficial da feira – a Coreia do Sul é o país convidado mas Portugal também apareceu no discurso oficial com a referência aos primeiros visitantes pelo mar.

Cinco séculos depois – há nova oportunidade para encontros entre as culturas e os povos – a feira do livro de Sharjah que este ano tem como lema NÓS FALAMOS LIVROS. E um sem fim de eventos protagonizados sobretudo por escritores e editores.

Esta feira de Sharjah ganhou prestígio como lugar para negociação de direitos de publicação, descoberta de novos escritores, novas literaturas...

Este ano, sem casas de edição portuguesas (exceto a representação da Universidade de Coimbra) – talvez para o ano já possa haver mais presença de Portugal neste emirado.

Estão unidos pelo passado com momentos – certamente bons e maus - de cultura partilhada. Pelo sentimento que está exposto. E a porta fica aberta para que o encontro fique ampliado.

Na universalidade da literatura, uma revista inglesa chamada Banipal, nome de um mítico monarca poeta assírio – é há já 20 anos – uma janela aberta que nos mostra partes da riqueza do panorama literário árabe tão desconhecido. Como o português será por aquela (entre tantas outras) regiões do mundo.

Todos ganhamos com encontros assim.

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