Os motoristas portugueses condutores de camiões de grandes dimensões sentem que têm o forte poder de paralizar o país - sem eles, não há gasolina nas estações de serviço e, a partir daí, todos os abastecimentos ficam bloqueados, seja para automóveis e transportes públicos circularem, seja o acesso a alimentos frescos nos supermercados.
Esses motoristas dos chamados "transportes perigosos" (combustível)- são cerca de 5 mil em Portugal - perceberam essa sua importância para o funcionamento do sistema em Abril passado quando uma greve deles, então com 5 dias, fechou grande parte das bombas de gasolina em todo o país e levou ao cancelamento de vários movimentos aéreos em aeroportos portugueses, enquanto a greve durou.
Essa greve em abril foi desconvocada após a negociação de um acordo que garante aos motoristas, entre outras conquistas no regime laboral, aumentos salariais de 100€ a partir de janeiro do ano que vem e mais 100€ no ano seguinte.
A crise parecia resolvida, mas há um mês, os líderes sindicais dos motoristas reabriram a tensão que agora é extrema, ao reivindicarem, para além do que já conseguiram, novos aumentos designadamente nos 3 anos a seguir a 2021, Na prática, os motoristas exigem duplicar o salário, passando dos atuais 700€ de base em cada mês para cerca de 1400. Os patrões, ou seja, as empresas de camionagem, embora reconhecendo que o atual salário (cerca de 700€) é baixo, alegam que é impossivel um tão substancial aumento em tão curto espaço de tempo.
Mas os motoristas sentem que têm força e anunciam uma grave nacional, por tempo indeterminado, a partir desta segunda-feira, 12 de agosto.
O governo tentou mediar na negociação entre patrões e sindicatos, mas os motoristas têm mostrado inflexibilidade.
Perante a ameaça de rupturas nos abastecimentos, o governo criou um gabinete de crise e declarou em Portugal o estado de emergência energética. Ao mesmo tempo mobilizou forças de segurança e proteção civil para garantirem abastecimentos vitais. Neste momento já está em vigor o racionamento na venda de combustíveis.
O governo português, através do gabinete de crise, presidido pelo primeiro-ministro, declarou o estado de alerta no território continental português.
Foi ainda elevado o “grau de prontidão” de equipas que estarão a postos para responder a eventuais problemas resultantes da situação já declarada de emergência energética. Entre as unidades reforçadas estão a dos “agentes de proteção civil para operações de proteção e socorro e de assistência”, a de “forças de segurança” (encarregues de garantir o bom resultado de “operações de patrulhamento e escolta que permitam garantir a concretização das operações de abastecimento de combustíveis”, por exemplo) e a de “entidades com especial dever de cooperação nas áreas das comunicações e de energia”.
Face à Declaração de Alerta emitida, “os cidadãos e as demais entidades” terão “o dever e obrigação de colaboração com as autoridades na gestão desta crise, nomeadamente no cumprimento de ordens e instruções dos órgãos e agentes responsáveis pela segurança interna e pela proteção civil e na pronta satisfação de solicitações que justificadamente lhes sejam feitas pelas entidades competentes”.
O governo portugues, presidido pelo socialista António Costa, a escassos 3 meses de eleições, com vitória prometida pelas sondagens, está a explorar este caso para mostrar eficácia a garantir o essencial para o serviço dos cidadãos. Os parceiros do governo na esquerda do leque político confrontam-se com uma tarefa complicada face à greve; reconhecem que esta é altamente impopular, por isso, repetem que o direito à greve é essencial mas, acrescentam que, da parte dos grevistas deve haver sensatez.
A greve, por tempo indeterminado, começa nesta segunda-feira.
Por agora, há longuissimas filas nas bombas de gasolina que ainda têm combustível - automobilistas que tentam precaver-se.
Os camionistas vão reunir-se num último plenário antes da greve.
O Gabinete governamental de crise está reunido, as forças de segurança estão em prontidão, há militares mobilizados para, se necessário, conduzirem eles os camiões de abastecimento, sob escolta, os portugueses, por entre grande ansiedade potenciada pelas televisões em nonstop sobre esta crise, aguardam para verificar que efeitos poderá ter a greve e quanto tempo é que sta vai durar.