A greve de motoristas de camiões anunciada para durar por tempo indeterminado, a ameaça era de dias, semanas ou até meses com Portugal bloqueado, tudo foi reposto em certa normalidade ao fim de escassas 19 horas de greve.
O governo decretou a requisição civil dos milhares de motoristas em greve. Eles trabalham para empresas privadas mas a requisição civil coloca-os ao serviço do Estado, ficam obrigados a trabalhar com a missão que lhes for atribuida e, se desobedecerem, estão a cometer crime.
É assim que centenas de camiões-cisterna com gasolina e gás natural estão de volta à estrada para abastecer os postos de venda e os cerca de 50 mil motoristas dos camiões de toda a carga tambem estão de volta ao volante.
O governo português tinha avisado que se os serviços minimos de abastecimento não estivessem a ser cumpridos, decretaria essa medida extrema de requisição civil que suspende o direito à greve.Para decretar a requisição civil logo no primeiro dia, o governo argumentou que o abastecimento ao aeroporto e Lisboa estava reduzido a 25% do determinado, e que no Algarve, a região do país onde neste tempo de praia está boa parte da população portuguesa, o fornecimento também estava escasso.
Soldados da GNR dirigem no volante Source: AAP Image/Pedro Rocha / Global Images/Sipa USA
Acrescentando o facto de no total de 3500 postos da rede de abastecimento de combustível, mais de 500 estarem fechados por falta de abastecimento, avançou a requisição civil, saudada por grande parte do país, incluindo a oposição política à direita, tal como escreve o comentador João Miguel Tavares no jornal Público, "a greve - comenta - é impopular, a maioria dos portugueses está distante das reivindicações dos motoristas, e o Governo tem campo aberto para mostrar quem manda, o que costuma agradar a uma direita cada vez mais órfã de qualquer vestígio de liderança."
De notar que antes ainda de os camionistas serem forçados a retomar o serviço, o governo já tinha colocado militares e policias a conduzir camiões para iniciar reabastecimentos.
Os sindicatos que desencadearam o movimento grevista representam trabalhadores que têm salário mensal de base de cerca de 700 euros. Já tinham garantido aumentos de 100 euros em janeiro próximo e outros 100 um ano depois.A greve surgiu como pressão para as negociações de aumentos nos anos seguintes, pretendo subir dos atuais 700€ para 1400€ em 2024. As reivindicações sindicais continuam, mas a greve está agora, pelo menos temporariamente, barrada e o clima está pouco propicio para a retoma de negociações no curto prazo.
Grevistas olham um de seus colegas deixarem o depósito de combustíveis: centenas de camiões estão de volta à estrada para abastecer os postos de venda Source: AAP Image/AP Photo/Armando Franca