O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, nasceu de uma família com origem na ÍndiaO mayor – presidente do municípuo – de Londres, Sadiq Khan – tem origem familiar paquistanesa.
Eles são pioneiros, como não brancos, em cargos britânicos de topo.
Passam agora 30 anos da publicação do Buda dos Subúrbios, o livro de estreia de Hanif Kureishi.
Escritor nascido em 1954 em Londres, filho de mãe britânica e pai indo-paquistanês, este Buda dos Subúrbios tornou-se um clássico pela forma divertida como nos fala sobre uma geração marcada não pela classe social e pelo exito na escola e na profissão.
Mas, pela cor da pele.
Filhos de uma raça não branca oriundos da imigração e das colónias mas firmes no Reino Unido a sentirem-se plenamente britânicos.
Embora também sentindo que muitos britânicos os queriam ver parte de um mundo – colonial que pretendiam perpetuar apesar de – de facto – ter acabado.
O Buda dos Subúrbios tornou-se um êxito de vendas. Ao trazer-nos com ironia a perspectiva de um migrante (no caso, o filho de um imigrante).
Kureishi assume o relato da experiência pessoal.
De adolescente nos anos 60 e 70 sobre Inglaterra e a sociedade inglesa. Sobre como era então a sexualidade, a relação com as drogas, sobre como era olhada a diferença seja na cor de pele ou na religião, a dele, islâmica.
A música sempre ao fundo ao relato porque ele sentia a música daquele tempo, de Jimmy Hendrix a David Bowie – a mexer com tudo, com os direitos humanos, raciais, sexuais, religiosos.
A música como impulso – para a libertação social vai para uma dúzia de anos, Haif Kureishi esteve em Portugal, participou no então Lisboa e Estoril Film Festival.
A convite de Paulo Branco, o festival desse ano incluiu 3 filmes com base em Kureishi.
Um, realizado por ele – London kills me, outro, My son the fanatic, adaptação ao cinema de uma história que Kureishi tinha publicado na revista New Yorker (a vida de um taxista paquistanês e de uma prostituta quando a cidade deles é tomada por fanáticos islâmicos).
Em terceiro, um filme que passou pelo festival de Cannes, A minha bela lavandaria, uma história de amor homossexual que foi candidata ao oscar.
Filme Realizado por Stephen Frears a partir do guião de Kureishi.
Kureishi, falou do tema predileto do primeiro livro, insistiu que continuava a não encontrar multiculturalismo, o que constatava era uma sociedade monocultural embora multirracial – os de fora a terem de alinhar pelo mesmo padrão dentro de um modelo neolibneral.
Lastimou a precariedade dominante e o recuo do estado de bem-estar com direitos sociais fortes.
Estava então muito zangado com o modelo que Tony Blair tinha introduzido na decada anterior.
São vários os livros traduzidos e publicados em Portugal.
Agora, Kureishi foi passar o Natal em Roma com a familia da mulher, que é italiana, faz hoje cinco semanas, de manhã, foram passear pelos esplendorosos jardins de Villa Borghese – têm um bioparque, uma galeria com quadros de Ticiano Caravaggio, é Roma no seu melhor – à saída ao atravessar a Piazza del Populo, Kureishi tropeçou, aparentemente teve um desmaio súbito, caiu mal, a emergência médica chegou logo, no hospital, o dos Papas, o Policlinico gemelli, foi constada uma fratura da couna vertebral.
Kureishi – o corpo, abaixo da cabeça não mexe, está tetraplégico.
Mas a cabeça (a inteligência) está intacta – e ele, com conhecimento totalmente ativo, e com a fala estabilizada, decidiu fazer o que sempre fez.
Recorre à mulher a ao filho Carlo para (em refúgio) tuitar os sentimentos dele e o que está a viver.
Já contou que o corpo dele – parece-lhe ser o de outra pessoa, não o sente, não lhe consegue dar movimento.
Ao lê-lo, o desespero da limitação é ultrapassado pela força para comunicar, aliás, em certa medida, no último romance, nada de nada, ele adiantou-se ao tempo e tem como protagonista um filósofo que se tornou dramaturgo – mas que acaba por ficar preso a uma cadeira de rodas – nesse protagonista, Waldo, também só o cérebro responde .
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