Joe Berardo, um dos 5 homens mais ricos de Portugal preso por lavagem de dinheiro e fraude

Joe Berardo

Source: Pedro Vilela from Portugal/Wikimedia Commons

O madeirense Joe Berardo tem um percurso sinuoso: começou pobre, tornou-se um dos 5 homens mais ricos de Portugal, mecenas das artes, dá o nome a museus – mas enfrenta a acusação de viver de expedientes financeiros que a acusação pública qualifica de burlas.


Berardo, aos 19 anos, colava rótulos em garrafas de vinho da Madeira, emigrou do Funchal para a Africa do Sul, sem saber uma palavra de inglês desembarcou em Joanesburgo onde vendeu legumes, teve um bar (e cadastro na esquadra), tirou ouro de areia, criou uma empresa mineira, uma empresa de exploração de ouro

Berardo trocou o negócio de legumes, que fornecia aos refeitórios das minas pela atividade de garimpeiro de fato e gravata. Pelas veredas do mundo dos negócios, cresceu, cresceu, até atingir estatuto de magnata, figura proeminente da comunidade portuguesa da Africa do Sul, tratando por tu vários ministros do Partido Nacionalista e sendo considerado o conselheiro português de Pik Botha, o “eterno” chefe da diplomacia sul–africana.

No início de 1989, com o fim do apartheid à vista, Mandela prestes a sair da cadeia e os primeiros murmúrios sobre eleições livres, Joe Berardo abandona a África do Sul da mesma forma que havia chegado: incógnito.

Voltou a Portugal, com muito dinheiro na conta, fixou-se em Lisboa, tornou-se acionista de empresas poderosas e de bancos. Mas o muito dinheiro não dá para tudo.

Em 2006, José Manuel Rodrigues Berardo (conhecido por Joe Berardo) pediu um empréstimo à CGD, através da Metalgest, a que se juntou outro em 2007, através da Fundação Berardo. Com este financiamento, mas também do BCP, o empresário comprou essencialmente acções do próprio banco, que vivia uma guerra interna pelo poder de topo.

Ou seja: os bancos emprestavam dinheiro a Berardo, para ele ficar com o controlo do banco. Emprestavam-lhe e, veio entretanto a saber-se, nunca pagou, foi é sempre pedindo mais.

O parlamento português abriu um inquérito sobre os negócios de Berardo. Ele foi ao parlamento e, com desfaçatez, gozou com os deputados, designadamente quando disse que o que ele fez ao pedir empréstimos foi ajudar os bancos.

Berardo tem uma enorme coleção de arte que inclui Picassos e Andy Warhols. Conseguiu colocá-la num dos principais museus do Estado a troco de choruda remuneração. Como tem sido comentadso em Portugal, foi o resultado de um tubarão dos negócios a negociar com um poeta em ministro da cultura. Para não correr o risco de ficar com a coleção penhorada por dívidas à banca, antecipou-se e colocou-a como propriedade de outros.

Berardo acumulou dívidas e montou expedientes para evitar pagar aos bancos. Deixou um buraco de mil milhões. Nesta terça-feira foi detido por suspeita de vários crimes.

Na rua, as pessoas comentam: até que enfim a justiça agarra-o.

Comenta-se que Ricardo Salgado, patrão do grupo Espirito Santo que se desmoronou em fraudes, continua sem prestar contas à justiça.

É frequente ouvir-se em Portugal: quem tem por pagar uma dívida de 1000 euros, tem um problema. Quando a dívida é de milhões, o problema é para o banco e para o Estado.

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