O ano que chegou ao fim, visto de Lisboa

Displaced Palestinian, dressed as Santa, tours Khan Younis to bring Eastern Christmas cheer to children

Palestino vestido de Papai Noel se reúne com família no teto da casa deles, destruída nos ataques a Gaza. Source: AAP / HAITHAM IMAD/EPA

Nesta crônica, o correspondente da SBS em português em Portugal, Francisco Sena Santos, faz uma análise dos principais acontecimentos mundiais em 2024. "Estamos a entrar em 2025, e uma das incógnitas é o que ficará de Gaza, que era a terra de mais de 2 milhões de pessoas, depois destes 450 dias de devastação. Mas o ano que chegou ao fim também nos trouxe notícias de esperança. Há mais gente a viver melhor do que os pais viveram. É o que constamos num estudo publicado pela revista The Economist".


Passámos o ano 2024 com notícia de infernos: Gaza, Sudão,Ucrânia – outros; em alguns casos, sempre pior.

É o caso de Gaza onde, 450 dias depois, agora o alvo do programa israelita de devastação total, são os hospitais – parece evidente o objetivo de que a faixa de Gaza deixe de ser um lugar onde se possa sobreviver.

É facto que no outro lado da Palestina, na Cisjordânia, há um dado novo: a policia palestiniana, às ordens da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), dominada pela Fatah do veteraníssimo e contestado Macmud Abbas, está à caça de quem passa por ser do Hamas ou de outros grupos jiadistas; a polícia palestiniana está a entrar em campos de refugiados, como o enorme junto à cidade de Jenin, e prende gente do Hamas – são palestinianos a prender palestinianos – e há relato de operações como mortes.

É, claramente, a ANP de Macmud Abbas a querer mostrar-se aceitável perante a América que vai ser de Donald Trump, a tentar posicionar-se para gerir a terra palestiniana num futuro plano de paz na região – apesar da intenção israelita de imperar sobre tudo.

Estamos a entrar em 2025, e uma das incógnitas é o que ficará de Gaza, que era a terra de mais de 2 milhões de pessoas, depois destes 450 dias de devastação. Mas a par dos infernos – o ano que chegou ao fim também nos trouxe notícias de esperança.

Há mais gente a viver melhor do que os pais viveram. É o que constamos num estudo publicado pela revista The Economist: incide sobre as condições de vida da chamada geração Z, a de quem nasceu entre 97 e 2012 – quem tem entre 12 e 27 anos. São 2 mil milhões de pessoas, representa ¼ da população mundial; a maior parte vive na Índia, na China, na Indonésia, na Nigéria, no Quênia.

Este estudo publicado pela Economist mostra como têm mais saúde, mais educação, estão mais informados – em relação ao tempo em que os pais tinham a idade deles – e todos estão ligados por algum telemóvel com rede digital.

Outra boa notícia – a OMS garante que a mortalidade infantil nunca foi tão baixa – as vacinas chegam a cada vez mais crianças plo mundo. A UNICEF atesta que no sul da asia a mortalidade dos com menos de 15 anos baixou de 72% nestes últimos 30 anos. Está agora pelos 2,4% - era quase 7% em 1990.

O terror que foi o VIH/AIDS/SIDA nos anos 80 e 90 do século 20 passou hoje a doença crônica em grande parte sob controlo com qualidade vida. Também a esperança de vida cresce em todo o mundo – em Portugal, só neste quarto de século difícil – mais de 2 anos mais.

Também nas boas notícias, o triunfo das energias renováveis – neste último ano na União Europeia já houve mais produção de energia gerada pelo vento e pelo sol que a gerada pelos combustíveis fósseis.

Há países em que a venda de automóveis elétricos supera a de carros com motor tradicional de combustão e o exemplo mais robusto é o da China. Na Europa, também os países escandinavos – com a Noruega à cabeça.

Também há evidência de que a mortalidade por cancro está a cair – a medicina a farmacêutica o conhecimento avançam a cada instante. Cada vez mais inovação e a inteligência artificial é um impulso. São boas noticias vindas das estatísticas.

Claro que importa passar do impessoal ao pessoal – as condições de vida e de esperança de cada pessoa – deseja-se, claro, tanto de melhor, mas temos a evidência de notícias que alimentam a esperança apesar de haver quem ande a semear o mal.

Não sabemos se o futuro encontrará no nosso tempo algum Leonardo da Vinci ou um Dante, um Goethe, um Camões, uns Pierre e Marie Curie – também precisamos de Mandelas capazes para reconciliar. O futuro dirá – e que haja esperança, que se trabalhe para a gerar.

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