Transgressora e acumuladora de hits: conheça a trajetória de Rita Lee

Rita Lee performs at Coliseu dos Recreios

Rita Lee a cantar em Lisboa em 2008. Credit: Rui M. Leal/Getty Images

Uma das maiores vendedoras de discos do Brasil, Rita Lee, que morreu aos 75 anos em São Paulo, transcendeu classes sociais para ser, talvez, o grande nome do rock pop do país. Conversamos com três músicos brasileiros que vivem na Austrália sobre sua representatividade no imaginário nacional.


A trajetória de Rita Lee no rock’n roll começou bem cedo, ainda criança, quando ficou fascinada ao conhecer Elvis Presley pela televisão, no final dos anos 1950. Mas o gosto pela música veio ainda antes, por influência da mãe pianista.

Na adolescência, Rita formou a primeira banda com outras garotas - a Teenager Singers, que acabou se unindo aos Wooden Face, grupo dos irmãos Arnaldo Batista, nos teclados, e Sergio Baptista, na guitarra. Estava formado o embrião dos Mutantes, conjunto brasileiro que exerceu grande influência internacional.

A partir daí, a carreira musical da cantora só decolou. Os Mutantes participaram de festivais e do tropicalismo, ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eles tiveram papel decisivo para abrasileirar o rock e trazer guitarras e rebeldia juvenil para o ambiente da MPB. Com liberdade criativa, a banda fez músicas experimentais com toques psicodélicos, como a voz sussurrada de Rita em Ando Meio Desligado.

Mas começaram os desentendimentos na banda e, em 1972, a cantora foi expulsa dos Mutantes. Sem se abalar, ela começou em seguida uma carreira solo.

Na metade da década, com a banda de apoio Tutti-Frutti, Rita Lee emplacou um grande sucesso já no primeiro disco: Mamãe Natureza.

O segundo álbum, Fruto Proibido, traz Agora Só Falta Você, outro hit famoso que garantiu o estrelato a Rita Lee. E tinha mais um clássico no álbum, provando o talento dela: Ovelha Negra.

Roberto de Carvalho, que tocava no Tutti-Frutti, e Rita Lee se apaixonaram e se casaram. A união rendeu três filhos e um mergulho de cabeça no pop, com dezenas de sucessos, como Mania de Você, a mais executada da cantora.

E eles foram empilhando sucessos: Saúde, Nem Luxo Nem Lixo, Caso Sério, Desculpe o Auê, Chega Mais e outros tantos.

Inquieta e criativa, Rita Lee ainda escreveu duas autobiografias, livros infantis, criou programas de rádio e atuou em novelas e filmes. Setentona, desistiu dos shows, mas jamais da música, e seguiu compondo.

Em setembro de 2021, a cantora e compositora inaugurou uma exposição com seu acervo pessoal de figurinos, objetos, instrumentos e imagens no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.*

Músicos brasileiros na Austrália comentam a morte de Rita Lee

A SBS em português ouviu três brasileiros que vivem da música em Down Under para entender o legado de Rita Lee.

Zai Pereira é músico, compositor e também historiador. Natural de Valença, no estado da Bahia, mora na Gold Coast há 4 anos e meio. Ele cita a trajetória da Rita Lee nos Mutantes e na Tropicália, que foi seu objeto de estudo acadêmico.

O multiinstrumentista e compositor Alcides Neto vive em Melbourne. Seu trabalho musical mistura estilos tradicionais com o jazz brasileiro contemporâneo. Ele ressalta os protestos e desabafos de Rita Lee em suas músicas como um ponto marcante.

E Juliana Areias, de Perth, cantora com ênfase na Bossa Nova que era muito fã de Rita.
—-
*texto de Leandro Martins, da Radioagência Nacional, de São Paulo.

Para ouvir, clique no 'play' nesta página, ou ouça no perfil da SBS Portuguese no seu agregador de podcasts favorito.


Siga ano e ouça . Escute a  ao vivo às quartas-feiras e domingos.






Share