'A aranha tem mais medo de você que você dela', diz especialista brasileira

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A paulista Vanessa Penna Gonçalves, que cursa doutorado sobre o cérebro das aranhas na Macquarie University, em Sydney. Ao lado dela, a aranha teia-de-funil (funnel web spider). a mais perigosa da Austrália.

Se você morre de medo das aranhas australianas, saiba que não está sozinho(a). Contudo, não há mortes registradas por estes bichos no país desde 1979, e ainda podem ser ótimas aliadas contra mosquitos e baratas. É isso o que nos explica Vanessa Penna Gonçalves, que estuda os aracnídeos em seu doutorado pela Macquarie University, em Sydney.


É bastante provável que o imigrante na Austrália que esteja ouvindo esta reportagem tenha, em algum momento de sua trajetória, se preocupado com algum dos muitos bichos australianos que podem te matar. São cobras, aranhas, crocodilos, insetos... até o simpático ornitorrinco, hoje se sabe, possui veneno capaz de matar animais pequenos, e de causar dor excruciante em humanos.
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Vanessa Penna Gonçalves. Como pode-se perceber, ela gosta muito de aranhas.
Se houvesse um ranking de temor, as cobras provavelmente dividiriam a primeira posição com as aranhas. Acontece que, embora haja lugares na Austrália em que serpentes literalmente saem pelo vaso sanitário, elas não estão em todos os lugares como as aranhas.

Em qualquer quintal ou parque do país, no deque de sua varanda ou mesmo no espelho do seu carro é possível encontrar uma teia, causando de desconforto a desespero em muitos, a depender da relação da pessoa com aracnídios.
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Uma fêmea da viúva negra - a red back spider -, uma das mais perigosas da Austrália. Source: iStockphoto / Andrew Waugh/Getty Images/iStockphoto
E as aranhas, como os humanos e muitas outras espécies, ficam mais propensas a sair de casa a partir da primavera, e em especial durante o calor do verão.

Pensando nisso, a SBS em português entrou em contato com uma bióloga brasileira que faz doutorado sobre aranhas na Macquarie University, em Sydney.

Natural de São Paulo, Vanessa Penna Gonçalves formou-se em Biologia na Unisa, fez mestrado na USP sobre aranhas e atualmente cursa o doutorado na Macquarie, com previsão de conclusão para 2024.
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Vanessa Penna Gonçalves no laboratório, com seus animais de pesquisa.
Muita coisa na vida de Vanessa gira em torno das aranhas. Ela usa roupas de aranhas, têm aranhas de pelúcia, mantém um e uma para falar de aranhas, e, claro, tem uma bolsa de estudos para pesquisar sobre os aracnídios.

Sua vida com os animais que gosta tanto começou com um trabalho voluntário no Instituto Butantan, em São Paulo, há quase 20 anos. O instituto paulista é uma referência internacional em pesquisa científica e desenvolvimento de vacinas. Por lá ela começou um trabalho voluntário em coleta de aranhas armadeiras para a produção de antídotos contra picadas de aracnídios. Posteriormente, Vanessa foi uma das responsáveis pela criação de aranhas no próprio local, o que lhe escancarou as portas para estudar a fundo o bicho.

Nesta conversa com a SBS em português, Vanessa desmistifica o medo sobre as aranhas, que são animais que tendem a não atacar humanos. Explica que dedetizar a casa contra as aranhas pode ser ineficaz e ainda trazer problemas de saúde contra os moradores, além de perder um grande aliado contra mosquitos e baratas.

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