O paulista Diego Galdino é um dos milhões de sobreviventes das intempéries das periferias brasileiras. Ele é natural de Várzea Paulista, na Grande São Paulo, um ambiente cinza e urbano que pouco tem ver com o marrom da terra batida das criações pecuárias e rodeios. Mas foi em um rancho de conhecidos ainda na infância que ele, com 8 anos, quis montar em um bezerro.
E a experiência não foi das melhores, já que ele caiu, traumatizou e passou a ser alvo de gozação dos familiares e amigos.
Contudo, a partir de uma aposta valendo um boné, o pequeno Diego foi obrigado a montar novamente em um bovino. Desta vez, Diego domou o medo, montou no bicho e ganhou um boné e uma vocação.
Diego Galdino após ser campeão da etapa de Rockhampton (QLD) de rodeio.
Entre treinos, montarias e quedas, já se machucou, mas pegou um quinto lugar em uma competição em Sydney e, seu melhor resultado até agora, venceu a etapa da Professional Bull Riders, a PBR, em Rockhampton, Queensland. A conquista lhe garantiu um prêmio de 8 mil dólares.
Nenhum brasileiro foi campeão da PBR Austrália e meu foco é ser campeão. É um sonho. Só de estar aqui já é um sonho, mas quero quebrar meus próprios recordes.Diego Galdino, peão brasileiro.
Nesta conversa com a SBS em Português por telefone desde Townsville, o peão Diego Galdino nos conta sua trajetória desde as arenas de rodeios brasileiras, conta da dificuldade em se comunicar com o inglês básico e aponta querer ter vindo na Austrália com o objetivo de ser campeão da PBR, uma das grandes ligas de rodeios do mercado australiano.
O boi australiano é um boi pequeno, eles são danados de jogar a gente pra frente. Mas não tem jeito, em todo lugar tem que parar em boiDiego Galdino, peão brasileiro.
Também conversamos com Marcelo Ghisellini, responsável por trazer Galdino às arenas australianas.
Marcelo Ghisellini (esq.) e dois peões brasileiros que ele ajudou a trazer para competir na Austrália: Júnior Quaresma (centro) e Lucas Divino.
O competidor brasileiro na Austrália se depara com premiações melhores em dólar australiano, e também profissionalismo, acomodações e todo o suporte para competir.Marcelo Ghisellini.
Também discutimos sobre a questão do tratamento dos touros que fazem parte do rodeio. As associações de proteção aos animais são frontalmente contrárias à prática da modalidade, que já é proibida no Território da Capital Australiana (ACT). Marcelo Ghisellini afirma que os bichos são uma parte importante demais das competições para serem maltratados. Contextualizamos os dois lados da discussão.
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