Remador desde o Brasil, Airton foi atleta de clubes de remo como o Athletico Paulistano, Corinthians e Flamengo e campeão paulista na década de 80.
Ao se mudar para a Austrália em 2003, Airton achou que o esporte tinha ficado para trás com o Brasil, mas atividade física na Austrália é praticamente um estilo de vida, e com tantos clubes de remo no país, em 2005 Airton voltou a remar.
“No início, era só para se exercitar mesmo, voltar ao remo. Treinava logo de manhã, às 5h o barco já estava na água. Depois voltava para trabalhar e, quando dava, treinava de novo no fim do dia”, lembra Airton.
Com a grande quantidade de clubes esportivos, Airton explica que existem várias competições em níveis estaduais entre os clubes, já nas competições interestaduais, as associações do esporte de cada estado faz uma seletiva entre os clubes e forma os times que vão representar o estado na competição nacional.

O time de Airton ficou em segundo lugar na Australian Master Rowing Championship 2024, logo atrás do time da Tasmânia, que ficou com ouro, e Victoria com bronze.
O time de Airton ficou em segundo lugar na competição, logo atrás do time da Tasmânia, que ficou com ouro, e Victoria com bronze. Ramos lembra que competições esportivas de vários níveis são algo muito comum na Austrália, desde a escola até quando o indivíduo quiser continuar participando dos eventos esportivos.
“Aqui todas as escolas têm programa de remo. Depois que os alunos se formam, eles tendem a procurar os clubes e continuar treinando e competindo. Isso em qualquer esporte. A Austrália tem a cultura do esporte, resultado disso podemos ver o desempenho do país nas Olimpíadas, sempre com muitas medalhas.”
Praticante do esporte desde muito cedo, a paixão pelo remo vem de família, com o pai campeão nas décadas de 60 e o irmão também competia nos anos 70. Airton entrou no barco e já nos anos 80 participava de competições estaduais e nacionais. Chegou a tentar uma vaga para as Olimpíadas de 1992 na Europa, “não passei, então casei e vim para a Austrália em 2003”, lembra com humor o atleta.
Airton lembra que é muito difícil ser atleta profissional no Brasil, “mesmo quem tem patrocínio, para chegar em um nível mais profissional, o atleta precisaria competir mais em campeonatos internacionais, e isso tem um custo de investimento alto, e é complicado conseguir um patrocinador que banque tudo isso.”
Como a maioria dos migrantes, Airton começou do zero, trabalhando em construção e apenas depois de dois anos, quando conseguiu se estabilizar melhor com a esposa e dois filhos no país, ele decidiu voltar a treinar remo.
Esporte não é só sobre o físico, é sobre a mente. Eu me sinto mais jovem quando estou ativodiz o remador de 58 anos, Airton Ramos.
Ele enfatizando a importância do esporte em todas as fases da vida, independente de idade ou dificuldade.
“Tente encontrar um equilíbrio entre um esporte que goste e seu trabalho. Isso provavelmente é o mais difícil. Mas pelo menos uma hora por dia, se movimente. Se alimente saudável e isso fará toda a diferença na sua vida em um longo prazo.”
Mesmo com anos no remo, Airton se surpreende com a vitalidade das pessoas mais velhas aqui na Austrália. “Tenho colegas de remo de 85 e 87 anos, de ex-medalhistas olímpicos a pessoas que começaram a remar há 5 anos e com um condicionamento físico impressionante”, lembra Ramos.
Airton conta que, ao perguntar aos seus colegas com mais anos de vida, qual seria o segredo de tamanha disposição, o remador compartilhou o seguinte pensamento:
Como eles dizem, nem tudo é problema, nem tudo é solução. Apenas acorde cedo e continue, não pare. Troque o ‘um dia eu faço’, por ‘hoje eu começo.’
Para escutar toda a entrevista com o remador Airton Granja Ramos, clique no 'play' desta página, ou ouça no perfil da SBS Portuguese na sua plataforma de podcasts preferida.
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