Pela primeira vez em 50 anos, um ciclone está se dirigindo para uma área densamente povoada da costa australiana.
O ciclone Alfred deve gerar ventos extremamente intensos que causam problemas similares ao que um tornado poderia causar – pode arrancar árvores, telhados, chuvas, e trazer perigo de inundação severa.
As áreas do sul de Queensland e do norte de Nova Gales do Sul, principalmente entre as costas de Gold Coast e Sunshine são as mais visadas.
Autoridades disseram que 20 mil propriedades em Brisbane estão sob risco de inundação.
“Fenômenos climáticos como o Alfred podem mudar a formação morfológica das ilhas ao redor da Grande Barreira de Corais”Ana Paula Silva, oceanógrafa
Se ele mantiver o status de categoria 2 dado pelo Bureau de Meteorologia – o que significa que pode provocar ventos de até 117 km/h – Alfred será a primeira tempestade dessa magnitude a atingir a costa sudeste australiana desde o ciclone Zoe em 1974.
Mas além dos alertas para a população em geral, qual é o impacto desse evento climático único, no nosso ecossistema?
A oceanógrafa Ana Paula Silva, da Universidade de Sydney, trabalha no Centro de Pesquisa One Tree Island, mantido pela Universidade e localizado em uma zona estratégica para análise do ecossistema da Grande Barreira de Corais.
“Fenômenos climáticos como o Alfred podem mudar a formação morfológica das ilhas ao redor da Barreira,” diz ela.
De acordo com a Ana Paula, ainda estão sendo analisados o impacto do ciclone na Barreira de Corais, por onde passou já há alguns dias. Além das ondas de até 7 metros de altura, os medidores vão mostrar o estado em que ficaram os recifes.
“Na área onde trabalho que fica bem perto da Barreira, na nossa ilha, tinhamos uma cobertura de 60% dos corais, após o ciclone, minha previsão é de que nessa região esse revestimento vai ser zero. Vai resultar numa limpa dos corais ao nosso redor,” conta Ana, que explica que os recifes já estavam sofrendo o branqueamento dos corais.
“Teremos mais possibilidade de corais quebrados. Os recifes vão ficar ‘limpos’ dos corais que já vinham sofrendo branqueamento, isso poderá auxiliar no estabelecimento de novos corais saudáveis,” explica a oceanógrafa.
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