Já chegámos a um ponto em que mesmo os que por interesses necessariamente egoístas têm discurso negacionista sobre a emergência climática – não podem deixar de constatar três realidades:
- a de que neste ano, quase todos fomos confrontados com fenómenos extremos, as temperaturas mais quentes algumas vezes registadas a par de tempestades diluvianas;
- há evidência de que a vida no planeta está a adentrar-se no desastre climático;
- e também é um facto constatado – quem tem poder para decidir não está a fazer o que é necessário para evitar desastre maior.
A COP28, hospedada num país petrolífero, vai juntar a partir da próxima semana, no Dubai, milhares de pessoas à cabeceira do planeta que está com febre alta.
Pegunta: pode haver esperança?
Um cientista português, perito com longa experiência no conhecimento sobre a emergência climática, Filipe Duarte Santos, confia que, apesar de a situação geopolítica global conspirar para complicar acordos, algum avanço vai ser conseguido, sobretudo numa das mesas d negociação mais delicadas – a do apoio aos países que já estão muito vulneráveis às alterações climáticas.
Há sinais de que algum avanço concreto vai ser possível.
É também a expectativa de Luis Eduardo Ricelli, cientista brasileiro com presença recorrente nas COP – ele acredita que pelo menos, vão regulamentar decisões já tomadas, para que entrem em aplicação.
Destravar, desbloquear o que está aprovado mas por concretizar – é a esperança possível para a COP deste ano.
Filipe Duarte Santos tem esperança de que possa haver uma boa surpresa ainda que só no plano dos princípios, o chamado phasing out, a tomada de decisão de que vai ser preciso avançar para a eliminação gradual das energias fósseis, primcipais causadoras da escalada da temperatura global.
Por toda a parte – há crescendo da pressão da opinião pública – na semana passada, em Portugal, houve vigílias tanto em Lisboa como no Porto.
Em Lisboa, foi por toda a noite, na igreja de Santa Isabel, em Campo de Ourique, um encontro ecuménico com poesia, com música, com debates.
No Porto o encontro é na igreja da Senhora de Fátima.
Os encontros juntam ativistas laicos e diferentes religiões que vão aprovar uma declaração a entregar ao governo – a reclamar a urgência de decisões eficazes para a sustentabilidade do planeta.
Ao escolherem igrejas – os participantes estão a ser porta-vozes do papa que 8 anos depois da encíclica laudato si – em que alertava para as urgências do planeta.
Nste outono, numa exortação apostólica, o papa Francisco coloca-se ao lado dos cientistas a exigir decisões para que o mundo que nos acolhe – deixe de se desmoronar com as alterações climáticas.
Tratar a emergência climatica é a base para que possam ser cuidados outros problemas como a desigualdade social e a pobreza.
Como se ouve na indignação do papa, também aqui há que libertar reféns.
O povo do mundo – refém dos interesses que querem fortuna com os combustíveis fosseis.
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