Cinco anos depois do Acordo de Paris, a ONU promove nova mobilização pelo clima

O Secretário-geral da ONU, o português António Guterres, discursa na Assembleia Geral da instituição.

O Secretário-geral da ONU, o português António Guterres, discursa na Assembleia Geral da instituição. Source: UNTV

Assunto prioritário no semestre de presidência portuguesa da União Europeia já a partir de 1 de janeiro


Faz exatamente agora 5 anos, no Palácio de Exposições de Paris, junto ao velho aeroporto de Le Bourget. Delegações de 195 países, mais as de múltiplas organizações, ao todo 14 mil pessoas, todas a pressionar, em volta de um compromisso que para a maioria tem a ambição de  salvar o planeta.

Era o último dos 12 dias da COP21, Conferencia da ONU com as mais altas ambições sobre o clima.

Os chefes de Estado e de governo estavam a chegar e as negociações, lideradas pla França. Aproximavam-se do acordo global no patamar mais ambicioso.

Mas havia o risco de, à última hora, tudo ficar frustrado. E tudo acabar por colapsar, ainda que por questões de pormenor. Para uns, a semântica. Para outros, a pontuação, até uma virgula a encravar o documento final.

Horas e horas de negociações por gente sem tempo para pausar, até que houve euforia, 2 minutos de vibrantes aplausos, gente aos saltos, quando ao fim da manhã do dia seguinte, 12 de dezembro, o ministro francês Laurent Fabius anunciava o acordo geral com um ponto chave o compromisso com medidas para evitar que a temperatura do planeta continue a subir.

Uma das metas dessa pre promessa de futuro sustentável apontava para agora: por esta altura deveria estar reunida uma outra conferência de todas as partes, a COP26, em Glasgow, para avaliar progressos, fracassos e ajustar metas. A crise climática tinha-se imposto como prioridade nas agendas.

Mas este 2020 trouxe a pandemia que alterou tudo. A COP26 fica para daqui a um ano.

Neste tempo, em contravapor também há os 4 anos de Trump, a romper acordos e a negar a ameaça de catástrofe climática. A grande conferencia é só no ano que vem, mas a ONU junta muito das partes neste fim de semana, para reavivar a ambição, e ver como estão as coisas.

O clamor geral contra as emissões de CO2 e pela defesa do planeta foi abafado pla calamidade da COVID-19. Mas no dia deste balanço, há progressos mais da parte dos pequenos que dos grandes.

A Costa Rica tem toda a rede elétrica alimentada por energias renováveis.

Na Ásia, no reino do Butão, toda a energia é hidroelétrica.

Marrocos converteu-se à energia solar.

Ruanda e Etiópia escolhem esta mesma fonte.

Mas, no lado oposto, a Rússia continua a exaltar as virtudes do gás e do petróleo.

No Brasil, como na Arábia Saudita o petróleo também manda, tal como nos Estados Unidos, sobretudo nestes últimos 4 anos.

Mas, agora, Biden pôs a diplomacia de Kerry a tratar o clima, há discursos de esperança.

A China continua no mundo do CO2 – mas a investir cada vez mais em energias renováveis,

A Índia mostra voluntarismo entre a energia solar e a eólica.

E a Europa ainda está com mais discurso do que ação, embora Úrsula van der Leyen e vários lideres queiram pôr a União Europeia à cabeça desta luta contra as alterações climáticas.

A COVID-19 está a mostrar-nos a todos no mundo a calamidade que de um momento para o outro pode surgir.

Talvez a pandemia possa ter esse lado: o de mobilizar mais gente para a ação climática, com redução drástica das emissões de CO2.

António Guterres, secretário geral das Nações Unidas escolheu o clima como prioridade na cabeça da ONU. Avisa: agora, deixemos os discursos, passemos à ação. Que possamos voltar aquela esperança que se levantou há 5 anos em Paris.

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