Faz exatamente agora 5 anos, no Palácio de Exposições de Paris, junto ao velho aeroporto de Le Bourget. Delegações de 195 países, mais as de múltiplas organizações, ao todo 14 mil pessoas, todas a pressionar, em volta de um compromisso que para a maioria tem a ambição de salvar o planeta.
Era o último dos 12 dias da COP21, Conferencia da ONU com as mais altas ambições sobre o clima.
Os chefes de Estado e de governo estavam a chegar e as negociações, lideradas pla França. Aproximavam-se do acordo global no patamar mais ambicioso.
Mas havia o risco de, à última hora, tudo ficar frustrado. E tudo acabar por colapsar, ainda que por questões de pormenor. Para uns, a semântica. Para outros, a pontuação, até uma virgula a encravar o documento final.
Horas e horas de negociações por gente sem tempo para pausar, até que houve euforia, 2 minutos de vibrantes aplausos, gente aos saltos, quando ao fim da manhã do dia seguinte, 12 de dezembro, o ministro francês Laurent Fabius anunciava o acordo geral com um ponto chave o compromisso com medidas para evitar que a temperatura do planeta continue a subir.
Uma das metas dessa pre promessa de futuro sustentável apontava para agora: por esta altura deveria estar reunida uma outra conferência de todas as partes, a COP26, em Glasgow, para avaliar progressos, fracassos e ajustar metas. A crise climática tinha-se imposto como prioridade nas agendas.
Mas este 2020 trouxe a pandemia que alterou tudo. A COP26 fica para daqui a um ano.
Neste tempo, em contravapor também há os 4 anos de Trump, a romper acordos e a negar a ameaça de catástrofe climática. A grande conferencia é só no ano que vem, mas a ONU junta muito das partes neste fim de semana, para reavivar a ambição, e ver como estão as coisas.
O clamor geral contra as emissões de CO2 e pela defesa do planeta foi abafado pla calamidade da COVID-19. Mas no dia deste balanço, há progressos mais da parte dos pequenos que dos grandes.
A Costa Rica tem toda a rede elétrica alimentada por energias renováveis.
Na Ásia, no reino do Butão, toda a energia é hidroelétrica.
Marrocos converteu-se à energia solar.
Ruanda e Etiópia escolhem esta mesma fonte.
Mas, no lado oposto, a Rússia continua a exaltar as virtudes do gás e do petróleo.
No Brasil, como na Arábia Saudita o petróleo também manda, tal como nos Estados Unidos, sobretudo nestes últimos 4 anos.
Mas, agora, Biden pôs a diplomacia de Kerry a tratar o clima, há discursos de esperança.
A China continua no mundo do CO2 – mas a investir cada vez mais em energias renováveis,
A Índia mostra voluntarismo entre a energia solar e a eólica.
E a Europa ainda está com mais discurso do que ação, embora Úrsula van der Leyen e vários lideres queiram pôr a União Europeia à cabeça desta luta contra as alterações climáticas.
A COVID-19 está a mostrar-nos a todos no mundo a calamidade que de um momento para o outro pode surgir.
Talvez a pandemia possa ter esse lado: o de mobilizar mais gente para a ação climática, com redução drástica das emissões de CO2.
António Guterres, secretário geral das Nações Unidas escolheu o clima como prioridade na cabeça da ONU. Avisa: agora, deixemos os discursos, passemos à ação. Que possamos voltar aquela esperança que se levantou há 5 anos em Paris.