José Ramos Horta a caminho para voltar, dez anos depois, à presidência de Timor Leste

Ramos Horta eleições 2022

José Ramos-Horta nessa terça-feira, 19 de abril, em Díli, logo após votar no segundo turno das eleições presidenciais do Timor Leste. Source: Kyodo via AP Images

O Nobel da Paz de 86, José Ramos Horta, agora com 72 anos de idade, está lançado para uma década depois regressar à presidência da República Democrática de Timor Leste, apoiado pelo Conselho Nacional da Resistência Timorense, de Xanana Gusmão.


Os resultados de Portugal estão apurados, 141 votos para José Ramos Horta, 95 para Lú-Olo. É uma diferença a favor de Ramos Horta que acompanha o somatório do apuramento em Timor. Cerca de 60% dos votos para Ramos Horta, cerca de 40% para Lú-Olo.
 
Quando estão apurados os votos de 775 dos 1200 centros de votação em Timor, Ramos Horta soma 225 mil votos, Lú-Olo está em cima dos 151 mil. Cá está: 60% para Horta, 40% para Lú-Olo.
 
Esta diferença tem sido constante o que coloca o Nobel da Paz Ramos Horta como o mais que provável próximo presidente.
 
É uma vitória clara do CNRT de Xanana sobre a Fretilin de Alkatiri, é também um voto que pode ser interpretado como de reprovação do atual poder em Díli. O candidato da Fretilin, para além do mais, é o presidente que exerceu mandato nos últimos cinco anos.
 
O apoio do CNRT a Ramos Horta inclui o pressuposto de que se eleito Presidente dissolve o parlamento e convoca eleições antecipadas.
 
É de imaginar que muito CNRT se mobilize para levar Xanana Gusmão (se ele estiver disponível) à chefia do governo, o cargo de real poder executivo em Díli.
 
Ramos horta, agora com 72 anos, tinha deixado Timor 4 dias antes da invasão indonésia em 75. Tornou-se depois, ao longo de 24 anos,  o rosto a liderar a resistência na frente diplomática.
 
Em 85, bateu à porta do Palácio de Belém – queria mobilizar Portugal através do então presidente Eanes, para a luta de timor pela liberdade.
 
Viria a contar com o apoio de sucessivos presidentes de Portugal, primeiro Mário Soares, depois de Jorge Sampaio – sempre com Ana Gomes na primeira linha.
 
O massacre desencadeado pla tropa indonésia no cemitério de santa crus, em 92, ao ter sido filmado em segredo (por Max Stahl) , mudou  a história de Timor.
 
Em 1996, Ramos Horta foi distinguido (a par do bispo Ximenes Belo) com o Nobel da Paz. O discurso Nobel em Oslo foi um programa para a paz, independência, reconciliação e desenvolvimento.
 
Horta esteve junto da delegação portuguesa em todas as rondas negociais entre Portugal e a indonésia na ONU…foi forte a fazer lóbi nas Nações Unidas.
 
Em 7 de fevereiro de 99, o MNE português, Jaime gama anunciou a extraordinária reviravolta conseguida nas negociações em NY: os timorenses iriam votar para decidirem o futuro.
 
Votaram em 29 de Agosto de 99 e escolheram independência. Xanana foi, em 2002, o primeiro Presidente da nova república, com Horta como ministro dos estrangeiros.
 
Em 2006, Ramos Horta passou a primeiro-ministro. Um ano depois, ficou presidente, após uma eleição em que se impos a Lú-Olo precisamente o rival de agora.
 
Em 2008 – sobreviveu a um atentado. Agora está a voltar a ser presidente.
 
Siga a  no  e  e ouça . Escute a  ao vivo às quartas e domingos ao meio-dia ou na hora que quiser na 


Share