Mas muitos dos milhares de turistas que todos os dias desembarcam nos grandes navios de cruzeiro em escala lisboeta, e a doca está mesmo no coração da cidade, esses têm no percurso por Lisboa, para além da visita ao Mosteiro dos Jerónimos.
Tem também o sabor dos pastéis de nata de Belém, os apetitosos pratos da gastronomia portuguesa, talvez um peixe grelhado, para além disso tudo, talvez o museu Gulbenkian, talvez uma noite nos fados ou numa discoteca de musica afro-brasileira (cultura cada vez mais predominante em Lisboa, cidade cada vez mais mestiça).
Mas além de tudo isso tem um lugar de visita muito procurada é o Museu Nacional do Azulejo, aliás bem perto, um escasso quilómetro do cais dos navios de cruzeiro.
O Museu Nacional do Azulejo, está instalado no antigo Convento da Madre de Deus, fundado em 1509. Uma coleção de azulejos que mostra a evolução histórica, técnica e artística da azuleejaria em Portugal, desde o século XV até à produção contemporânea, com artistas do nosso tempo como Júlio Pomar, Manuel Cargaleiro, Querubim Lapa ou Maria Keil.
Além de expor azulejos, o museu também explica o processo de fabrico dos mesmos, podendo ver-se artesãos a restaurar peças antigas numa área reservada para eles.
A preservação do património azulejar de Lisboa é um dos objetivos deste museu, que expõe também a igreja, o coro e os claustros.
Mas também há os azulejos pela cidade.
Se Fernando Pessoa transformou as ruas de Lisboa em literatura. Os azulejos que cobrem edifícios e comércios dos bairros de Alfama e Chiado, a estação de comboios do Rossio e até o metro, transformaram Lisboa num museu de paredes de cerâmica.
Um museu urbano a céu aberto que expõe obras feitas com materiais convencionais e acessíveis.
O azulejo começa por ser uma pedra pequena, lisa e polida, utilizada pelos árabes, que a designavam por al-zuleique, desenvolvida tecnicamente pelos italianos e holandeses e importada pelos portugueses dos centros de produção de Sevilha, Valência, Málaga e Toledo, e utilizada para decorar igrejas e conventos, palácios e casas, jardins, fontes e escadarias de vilas.
Os monarcas portugueses, gostaram da forma como os árabes utilizavam os azulejos para decorar o chão e as paredes, introduziram-nos na arquitectura e transformaram-nos num meio universal de expressão cultural e criativa.
É assim que o azulejo é um património cerâmico que representa temas sagrados e mundanos através de motivos figurativos, geométricos e abstratos, anteriores à arte de rua criada pelos muralistas conhecidos como graffiters. Os artistas portugueses pintam paredes, cobrindo-as com azulejos, desde o século XV.
O que começou como um motivo ornamental é agora uma manifestação artística e uma expressão criativa da cultura que brilha em muitas cidades do país – mas sobretudo em Lisboa.
às quartas-feiras e domingos ao meio-dia.
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