Após confessar o crime durante o julgamento, o engenheiro brasileiro Mario Marcelo Santoro foi condenado a 27 anos de prisão pelo assassinato da administradora também brasileira Cecília Haddad, sua ex-namorada, em Sydney, em 28 de abril de 2018.
Santoro foi condenado por homicídio qualificado a partir de motivo torpe, asfixia, feminicídio e ocultação de cadáver. Ele já cumpre pena desde 2018 no complexo de Bangu, no Rio de Janeiro. O advogado de defesa disse que vai recorrer da decisão.

Cecília Haddad, que tinha 38 anos quando assassinada em 2018. Credit: NSW POLICE/PR IMAGE
O julgamento no Tribunal da Justiça Federal do Rio de Janeiro teve início na última terça-feira e terminou na madrugada de quinta, no horário brasileiro. Ele foi julgado no Brasil pois não há extradição entre o país e a Austrália para este tipo de crime.
Cecilia Haddad foi asfixiada por Santoro no apartamento dela em Ryde, noroeste de Sydney. Na sequência, ele usou o carro dela para levar o corpo e jogar no rio Lane Cove, num ponto a oito quilômetros de onde Cecília vivia.
Santoro então abandonou o carro na estação West Ryde, voltou ao apartamento onde se hospedava e saiu com as malas. Pegou um uber para o aeroporto e viajou para o Brasil, onde chegou quase ao mesmo tempo da descoberta do corpo no rio por remadores.
John Edward, sargento-detetive de Nova Gales do Sul, participou do julgamento como testemunha de acusação. Seu depoimento trouxe provas sobre as ações de Mario Marcelo Santoro.
As provas são:
- Primeiro, os sapatos de Santoro, que foram descobertos na área próxima onde o corpo foi encontrado. Imagens da câmera de segurança onde ele se hospedava mostraram ele chegando com pés descalços e molhados, deixando pegadas.
- Segundo, a geolocalização do celular dele, que apontava estar no mesmo lugar onde o corpo de Cecília foi deixado.
- Terceiro, os vestígios no carro de Cecília, que Santoro usou para transportar o corpo, que tinha vestígios de terra compatível com a beira do rio Lane Cove.
- Por último, o depoimento do motorista do uber que levou o assassino até o aeroporto. Segundo ele, Santoro jogou um molho de chaves em um rio quando o carro passava por uma ponte. Eram as chaves do carro de Cecília. A polícia conseguiu recuperar o molho.
Durante o julgamento, Mario Marcelo Santoro confessou ter apertado o pescoço de Cecília até a morte. Em sua versão, ele foi até o apartamento dela para pegar seu passaporte, pois viajaria ao Brasil no dia seguinte. Então eles brigaram e a situação saiu do controle e, fora de si, ele pouco se lembra dos passos seguintes.

O carro de Cecília Haddad encontrado na estação de West Ryde, em Sydney, depois de ter sido abandonado por Mario Marcelo Santoro antes da fuga para o Brasil. Credit: NSW POLICE/PR IMAGE
A mãe de Cecília passou mal durante o julgamento. Após a sentença, o irmão de Cecília, João Haddad, agradeceu aos policiais envolvidos tanto no Brasil quanto na Austrália, ao Ministério Público e aos advogados, e declarou que a justiça foi feita.
*Diferentemente do que publicado, Brasil e Austrália têm acordo de extradição firmado em 1994. Porém, não para brasileiros natos que se encontram no Brasil, como neste caso. A informação no texto foi corrigida.
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