Mas Lygia impôs-se escritora, reconhecida como a grande dama da literatura brasileira, membro da Academia Brasileira de Letras desde 1985.
Viria a ser distinguida com o Prémio Camões em 2005. Foi indigitada para o Nobel da Literatura (que não lhe deram, terá ficado o prémio a perder, como dizia precisamente Saramago).
O livro mais reconhecido de Lygia Fagundes Telles é “Ciranda de Pedra”, que seria adaptado para uma telenovela de sucesso nos anos 80 com Lucélia Santos, Armando Bógus e Eva Wilma. Escreveu “As Meninas”, que seria adaptado ao cinema por Emiliano Ribeiro, e que conta a história de três mulheres jovens durante a ditadura militar do Brasil, que sempre combateu ativamente dando a cara e o nome em manifestos e manifestações de intelectuais.
Lygia publicou livros de contos, como “O Cacto Vermelho”, que se tornaram a sua imagem de marca. Escrevia sobre o que melhor conhecia: a classe média branca e citadina. E disse um dia numa entrevista que nenhuma pessoa é “completamente má ou boa, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio género humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa”.
Viveu 98 anos, continua a viver nos livros.