Associamos a identificação xiita – ao Irão, Sunit remete mais para a Arábia Saudita.
Os alauítas são na Síria uns 3 milhões – escassos 15% da população residente - mas muitos instalados na corte que serviu a deposta dinastia Assad.
Os drusos encaminham-nos para o Líbano – tal como o cristianismo maronita, ainda que fundado em Antioquia que hoje é Turquia.
Compreender o médio oriente passa por entender quem é destes e de vários outros credos ou de nenhum.
Todos fazem parte desta muito feudal Síria, com múltiplos confins, fações sem fim e milhões de refugiados.
O anterior regime de Assad desintegrou-se – está constatado que abandonado pelos principais suportes, Rússia, Irão e Hezbollah.
A ideologia socialista e pan árabe fundadora nos anos 60 do regime agora liquefeito está arquivada. Está para se ver se vai poder persistir a laicidade oficial do país – é uma dúvida forte – tudo está incerto.
A mudança de regime implica tentativa de reconstrução do estado com reorganização e distribuição do território – e ajuste dos confins.
Israel quer ampliada a faixa de segurança nos montes Golan e já começou a ocupá-la ao mesmo tempo que trata de bombardear o que possa ser aparato bélico deixado plos antigos suportes armados do regime.
O estado hebraico continua a maximizar os efeitos de reordenamento da região em resposta à barbárie causada pelo Hamas em 7 de outubro do ano passado
A Turquia de Erdogan, tal como Israel de Netanyahu, também quer alargar a faixa de segurança de ao menos 40km – esta no norte da Síria – da fronteira turca até à altura de Aleppo.
O plano de Erdogan tambem prevê pôr fim à autonomia curda naquele território nos confins da Turquia.
Ninguém deve querer ficar no balcão apenas como espectador dos acontecimentos, todos querem fazer parte do realinhamento de interesses.
A Rússia quer garantir as estratégicas bases militares mo mediterrâneo Sírio.
A América está de olho na proteção dos curdos – úteis para combate às inspirações aspirações do que resta dos pos-al qaeda que quiseram o estado islâmico.
Os rebeldes que agora entraram plo poder do pais onde 80% da população vive em pobreza – tem um líder que quer pacificar e reunificar o mais possivel, tem o nome de guerra de Al Jolani.
Mas em sinal de mudança de vida também já mudou de nome, passa a usar Ahmad al Shara – de facto o nome inicial dele – antes de aos 21 anos ter sido atraído para o islamismo al qaedista.
Agora aspirante a chefe de um estado que nos últimos anos deixou de o ser – mas que ele quer reunificar – embora com risco de conseguir apenas uma mini-siria guiada por ele que agora fáz questão de repetir gestos conciliatórios declara que o novo poder não vai alguma vez interferir na forma de vestir das mulheres.
Não vai impor o uso de véu e que castigará quem molestar alguma minoria étnica ou religiosa – por o ser.
Com o ditador em fuga para além de mudar a identidade de Jolani para Al Shara, o comandante dos ganhadores também trata de convencer o ocidente a retirar da lista de terroristas jiadistas a organização com que ele tinha governado em Idlib – e que agora chegou a Damasco, com a promessa para a Síria de um islamismo nacionalista e moderado.
Por agora ele é o liquidador de um dos mais cruéis regimes do médio oriente – o futuro é incerto, mas até agora os gestos orientam-se para o que aparece como a boa direção.
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