O lince ibérico está a ficar salvo após nascerem 162 crias na 'maternidade' portuguesa

Iberian Linx

Credit: Parque Nacional Doñana

Há sete anos, havia apenas meia dúzia de linces ibéricos em Portugal. Atualmente, o Centro Nacional de Recuperação do Lince Ibérico em Silves conseguiu elevar este número para 261. Espécie está prestes a melhorar de nível em escala de vulnerabilidade.


Quando o Centro Nacional de Recuperação do Lince Ibérico (CNRLI) começou a funcionar numa espécie de maternidade, no meio dos bosques de Silves, no Algarve, só havia 94 linces no mundo, agora, a espécie que já esteve criticamente ameaçada está prestes a ser considerada num nível de menor risco: o de espécie vulnerável.

Em sete anos, passou-se de escassa meia dúzia para 261 linces em Portugal. Grande parte deste trabalho, de salvar uma espécie da extinção, faz-se na serra algarvia, no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, em Silves.

Desde que começou a sua missão, no final de 2009, nasceram 162 linces no CNRLI, dos quais 103 foram reintroduzidos na natureza. Das dez crias que estão atualmente em cativeiro, oito nasceram no local e sete deverão ser libertadas em 2024 (uma ficará como reprodutora). As outras duas crias chegaram com 50 dias, vindas de Castela-Mancha, Espanha, porque a mãe foi atropelada. Estão em treino e deverão ser devolvidas à natureza.

Localizado em Vale Fuzeiros, São Bartolomeu de Messines, Silves, o CNRLI estende-se por 36 hectares, numa espécie de concha na zona serrana. É um cenário natural, dominado pelos cercados (espaços delimitados), onde estes felinos estão separados por famílias (pai, mãe e respetivas crias), espreguiçando-se o dia todo, e saindo para caçar mais pela fresca. O alimento, coelho, é colocado pelos tratadores numas tubagens que terminam no quintal dos linces-ibéricos. Uma das preocupações da equipa é prepará-los para a vida no meio natural, não os habituando aos humanos, para que não se aproximem das populações.

Gerido pelo Instituto (público) da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico foi construído como medida de sobrecompensação ambiental pelo impacto da construção da Barragem de Odelouca, localizada a poucos quilómetros e tem financiamento do Orçamento de Estado.

O CNRLI tem em permanência uma equipa técnica de 14 pessoas, complementada com quatro voluntários de três em três meses, e a equipa de segurança. Trabalham em turnos de pelo menos três pessoas (um tratador, um etólogo e um veterinário), que funcionam de forma ininterrupta, em três turnos por dia, das sete da manhã às três da tarde, das três da tarde às onze da noite e das onze da noite às sete da manhã. Nunca há interregnos, porque os bichos comem todos os dias.

Um lince macho adulto embora com aparência de gato, mas enorme e com barbicha farta, chega a pesar como um cão grande, uns 18 ou mesmo mais quilos.

Todos os animais que passam no CNRLI são alvo de estudo genético, o que permite perceber quais os melhores reprodutores. Todos têm um chip subcutâneo e, os que são libertados, levam coleiras com emissor GSM, que permite aos cuidadores saberem as suas posições no terreno.

A intervenção humana está a permitir salvar uma espécie que há 15 anos era considerada em definitiva extinção.

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