Muitas novidades no novo governo português. Continua a ser socialista, continua a preferir entendimentos com as esquerdas mas há, por opção do primeiro-ministro António Costa, separação dos anteriores aliados mais à esquerda (Bloco de Esquerda, Partido Comunista, Os Verdes e Partido das Pessoas, Animais e Natureza).
Acaba, portanto, a chamada “geringonça”, designação para uma aliança parlamentar que viabilizou nos últimos quatro anos praticamente todas as iniciativas do governo que, ao mesmo tempo, aceitou várias propostas dos partidos mais à esquerda.
Uma das principais novidades no novo governo explica provavelmente essa escolha do primeiro ministro de não renovar a aliança às esquerdas: a economia, portanto o desenvolvimento das empresas, passa a estar no topo das prioridades.
No anterior governo a prioridade foi o equilíbrio das finanças públicas. Entende-se: o país vinha de défices altos, havia que pôr ordem nas contas. Foi missão bem cumprida pelo ministro Mário Centeno, patrão das Finanças. Portugal passou a ter défice próximo do zero.
Agora, a prioridade anunciada é a de promover o desenvolvimento e modernização da economia. É assim que o novo nº2 na hierarquia do governo é o ministro da Economia e da Transição Digital, cargo atribuído a Pedro Siza Vieira. Tem entre os secretários de Estado o ex-líder da Microsoft Portugal.
Também novidades, a criação de um ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública (Alexandra Leitão) e um Ministério da Coesão Territorial (Ana Abrunhosa). O Ministério do Ambiente (João de Matos Fernandes) passa a ser também da Ação Climática e inclui um secretário de Estado para a Mobilidade.
Também novidade uma Secretária de Estado para a Inclusão e as Migrações (Cláudia Pereira).
Uma estreia no governo é a criação de uma Secretaria de Estado do Cinema, Audivisual e Media, atribuída a um profissional considerado, Nuno Artur Silva – enquanto administrador da RTP liderou a iniciativa que levou Portugal a vencer um festival da Eurovisão, com a canção Amar pelos Dois, de Salvador e Luísa Sobral. Este novo governante tem entre os encargos o de desenhar políticas de promoção da língua portuguesa.
Há uma nova figura na Secretaria de Estado das Comunidades, é Berta Nunes, que substitui José Luís Carneiro, que passa a liderar a bancada parlamentar do PS. Berta Nunes era autarca de Bragança, uma das regiões do país que ficaram mais deserto humano em consequência da emigração.