O Ministério das Relações Exteriores vai encaminhar pedido de esclarecimentos ao governo norte-americano sobre o tratamento dispensado aos brasileiros que chegaram algemados, nos pés e mãos, no voo de repatriação do Serviço de Imigração dos Estados Unidos, com destino a Belo Horizonte.
O avião, transportando 88 passageiros brasileiros, 16 agentes de segurança dos EUA e oito tripulantes, que tinha como destino Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, no sudeste do país, fez uma parada não programada em Manaus, capital do Amazonas, devido a problemas técnicos.
O presidente Lula, então, determinou que um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizado até o Amazonas para que os passageiros pudessem completar o voo 'com dignidade e segurança'.
O Brasil chamou de tratamento ‘degradante’ dado aos deportados.
Muitos dos deportados disseram que foram maltratados pelas autoridades americanas.
Erionaldo Santana falou que chegaram a pedir pela remoção das algemas quando o avião de repatriação sobrevoou o território nacional. O depoimento de Erionaldo foi colhido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. “Fomos algemados lá, na quarta-feira, meia-noite. Chegamos no Brasil, continuamos com a algemas. Falamos para eles ‘nós estávamos em território brasileiro’, que em território brasileiro eles tirassem as algema. Eles queriam tirar.”
O estudante Luiz Antonio Santos, disse que não deseja o que passou à ninguém. “Foi para mim um momento de muita felicidade, pois estamos voltando de muito sofrimento. Acreditávamos que tudo já teria acabado, quando percebi ao entrar no avião que era o início de um novo pesadelo em que muitas vidas estariam em risco, famílias, crianças. É uma situação muito complicada, algo que não se deseja a ninguém.”
Lucas Gabriel Maia falou que sofreu agressão e mostrou as marcas das correntes nos seus braços. “Muita falta de respeito, muita irracionalidade, muito racismo, muita agressão, muita gente passando mal, desmaiando, com falta de ar.”
Com os seus pertences em um saco de plástico, Edgar da Silva Moura disse que as condições do voo foram terríveis, e nem água puderam tomar. “Eles não nos davam água, era difícil conseguir comida. Estava muito quente, com crianças dentro da aeronave. Pedimos para ir ao banheiro e eles não deixaram. Nós nos levantamos e dissemos 'Preciso ir ao banheiro, bathroom, por favor' e eles apenas nos empurraram 'Sentem, sentem!', e nos sentimos muito oprimidos por isso.”
Silval de Olveira, disse que morava nos Estados Unidos há 35 anos e agradeceu o tratamento dado no Brasil. "Fomos acorretnados uma noite antes e pedimos para tirarem as algemas quando entramos no espaço aéreo brasileiro," conta.
Para a ministra da cidadania Macaé Evaristo, que recepcionou em pessoa os brasileiros em Belo Horizonte, as denúncias são muito graves.
“As denúncias das pessoas que chegaram são muito graves de violação. A gente tinha numa mesma aeronave famílias, crianças, crianças com autismo, com algum tipo de deficiência, que passaram por situações muito graves. Ficaram muito tempo dentro da aeronave, em outros países, esperando o desembarque. Em Manaus, eles relatam que foram mais de quatro horas. Com a aeronave fechada, o calor estava insuportável. E por isso que houve ali um desentendimento.”
O voo foi o segundo deste ano dos EUA transportando imigrantes sem documentos de volta ao Brasil e o primeiro desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, de acordo com a polícia federal.
Uma de suas maiores promessas de campanha Donald Trump inicia assim a deportação em massa e perseguição de imigrantes ilegais por todo o país.
Essa reportagem contou com informações das agências retuters e radioagencia nacional.
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