A TAP vai usar o avião com maior capacidade em número de passageiros, o A330, com 270 lugares, para no próximo sábado, dia 27, voar de Lisboa ao Rio de Janeiro, com regresso imediato, para transportar pessoas que, por razões consideradas humanitárias, precisam de viajar entre Portugal e o Brasil.
Todo o movimento aéreo está suspenso vai para um mês, desde 24 de janeiro, como medida de contenção da pandemia. Havia, em média 9 voos diários da companhia aérea portuguesa entre Lisboa e 9 cidades brasileiras. Cerca de 2 mil passageiros em cada dia em cada sentido na travessia do Atlântico. Subitamente, todo o transporte ficou interrompido.
Há pessoas que precisam de viajar ao outro país por motivo familiar urgente. São conhecidos vários casos desta natureza, designadamente pessoas que têm um parente próximo com COVID-19. Também há casos, quer de portugueses quer de brasileiros que que foram de férias sem perceber a gravidade da situação epidemiológica, e que ficaram sem poder regressar. Também há o caso de pessoas que estão desesperadas com medo de perderem o emprego por terem ficado sem poder viajar. É o caso de duas médicas dentistas brasileiras.
Foram a São Paulo em janeiro, planeavam regressar a Portugal no fim do mês para se apresentarem ao trabalho em 1 de fevereiro, após 3 semanas de férias. Estão em falta no trabalho.
Acresce o caso de pessoas que ficaram sem recursos e que estão a querer regressar a casa no seu país. É o caso de trabalhadores em restaurantes e bares. Os bares, em Portugal, e são vários milhares, estão totalmente fechados há um ano. Os restaurantes apenas em take-away. Ora, o setor da restauração e bares, em Portugal, vive muito do trabalho, reconhecido como eficaz e com grande empatia, de naturais do Brasil.
O Estado português está a subsidiar todas as pessoas que ficaram com o trabalho interrompido pela pandemia, mas mesmo assim há quem esteja em grande dificuldade, designadamente quem não se tinha registado como trabalhador em Portugal. Daí a noção de que um voo não vai chegar para atender estes casos urgentes classificados como transporte humanitário.
Uma petição pública intitulada “Retorno de cidadãos residentes em Portugal retidos no estrangeiro” e dirigida ao Governo português tem vindo a crescer, e contava esta sexta-feira com 1086 assinaturas, dois dias antes, na quarta-feira tinha 881 assinaturas. Com origem no Brasil, a petição pede ao executivo que “ajude os cidadãos portugueses e os estrangeiros residentes em Portugal a regressar a Portugal”.
O governo português reconheceu prioridade de transporte a estes casos envolvendo Portugal e Brasil.
Está anunciado que os passageiros que regressem no âmbito do voo humanitário têm de apresentar o comprovativo de teste de rastreio à COVID-19, com resultado negativo, feito nas 72 horas antes do embarque (a excepção são as crianças até aos dois anos) e cumprir uma quarentena de 14 dias após aterrar em Portugal.