A morte da estudante internacional Diana Marcela Niño em Melbourne foi rodeada de versões falsas e contraditórias publicadas nas redes sociais.
De acordo com a repórter que investigou o caso, a jornalista Margarita Rosa Silva da SBS em Espanhol, as versões variavam de homicídio e feminicídio, até a afirmação que sua morte nunca aconteceu e que foi uma farsa.
Diana Marcela Niño tinha 38 anos. Ela tinha deixado Bogotá, na Colômbia há muitos anos e, segundo sua prima Patricia García, morou no México, Estados Unidos e Panamá.
Destaques
- A estudante colombiana Diana Marcela Niño morreu em maio em Melbourne.
- Segundo a polícia, a morte da jovem não está sendo tratada como suspeita e não há investigação em curso.
- Como muitos familiares de estudantes na Austrália, a mãe de Diana se viu em dificuldades financeiras para repatriar o corpo da jovem.
- O advogado Valmor Gomes Morais fala sobre o que estudantes e familiares devem checar ao assinar seus contratos de seguro.
Segundo Patricia, a jovem estudou Gerenciamento Ambiental na Universidad Piloto de Colombia, e, como muitos jovens latinoamericanos, tinha vindo para a Austrália para estudar inglês.Diana Marcela passou toda a pandemia da Covid 19 em Melbourne, cidade que mais sofreu durante o auge da pandemia e que ficou em confinamento severo por meses seguidos.
Diana Marcela Niño veio para a Austrália estudar inglês e ajudar a família na Colômbia Source: Facebook
Ela uma vez disse aos pais que sentia que a quarentena havia mudado completamente sua vida
Mas o pesadelo para os pais começou no último dia 20 de maio de 2022, recorda Patricia.
"Começamos a ligar e ligar para o celular dela e vimos que as mensagens não chegavam até Diana, o telefone não estava funcionando, comecei a escrever para ela que estávamos muito preocupados, que sua mãe não sabia nada sobre ela... e nada", diz Patricia, que garante ter sido a última pessoa da família com quem Diana se comunicou.
A família decidiu então criar um grupo no Facebook para divulgar seu desaparecimento.
Logo, muitas pessoas começaram a comentar e questionar onde estava Diana.A princípio, ninguém na Austrália parecia conhecê-la ou responder por ela. Muitos especularam sobre a veracidade de seu suposto desaparecimento e se Diana Marcela Niño era uma pessoa de verdade.
Centenas de pessoas arrecadaram recursos para repatriar o corpo de Diana Marcela de Melbourne para Bogotá na Colômbia Source: GFM
No dia 31 de maio, graças a uma pessoa que viu o post da família no Facebook e que se ofereceu para ir a uma delegacia de polícia em Melbourne para solicitar informações, a família finalmente recebeu as primeiras notícias.
Infelizmente, eles não eram boas. Patricia Garcia lembra bem.
Esse rapaz do Facebook me disse: ‘A polícia tem informações sobre a Diana. Mas infelizmente as notícias não são boas. Eles me falaram que ela está está morta.’ Isso foi terrível, ” recorda Patricia.
De acordo com o laudo pericial, Diana Marcela Niño morreu por estrangulamento, ou pelo termo forense, asfixia por constrição do pescoço.
Inicialmente, muitos especularam sobre isso, conhecidos falaram sobre um ex-namorado com quem o relacionamento não tinha terminado bem, e também de um vizinho que aparentemente tinha assediado Diana.Mas o que aconteceu foi ainda mais difícil para seus parentes entenderem e processarem: as autoridades australianas disseram que foi suicídio.
A mãe Paulina Ramos fez um apelo emocionado no Facebook pedindo por ajuda para repatriação do corpo da sua única filha Diana Marcela Source: Facebook
A jornalista Margarita Silva explica que: “Diana foi encontrada morta na Flinders Street, em Melbourne, em 22 de maio às 00h30. Segundo as autoridades, as circunstâncias de sua morte não estão sendo tratadas como suspeitas e não há investigação em curso.”
Resolvido o caso, vieram os problemas de repatriação do corpo de Diana
A jovem colombiana é filha única e sua mãe, Paulina Niño Ramos, é uma mulher idosa que não tinha recursos para cobrir a transferência do corpo.
Por isso, vários amigos e conhecidos da jovem em Melbourne se uniram para criar uma campanha virtual na plataforma de arrecadação de fundos "GoFundMe", e conseguir reunir recursos para repatriar o corpo.
Para isso, a mãe gravou um vídeo emocionado pedindo ajuda para recuperar o corpo da filha.
“Não tenho condições financeiras, agradeço de coração às pessoas que querem colaborar comigo. Por favor, quero ver minha filha mesmo que ela esteja morta. Ela foi trabalhar para me oferecer qualidade de vida na minha velhice. Infelizmente não foi assim, ela encontrou a morte lá”, disse Paulina Niño Ramos, aos prantos em um vídeo postado no Facebook.
Cerca de 750 pessoas doaram para a causa e pouco mais de $27 mil foram arrecadados.Seguro do estudante internacional cobre despesas em caso de morte?
Diana Marcela, estudante de conservação e gestão de ecossistemas, morreu de 'asfixia por constrição do pescoço', determinou o Tribunal de Justiça de Victoria Source: Facebook
Infelizmente a luta da família Nuño para repatriar o corpo de Diana não é uma excessão à regra, famílias de estudantes internacionais também do Brasil passam pelas mesmas dificuldades financeiras e muitas vezes são pegas de surpresa.
No caso de Diana, muitas pessoas questionaram a família Niño se o seguro da estudante ou o consulado ou embaixada não cobririam as despesas.
Em uma entrevista dada em junho de 2022, à SBS em Português, Leonardo Rabelo, Chefe de Setor do Consulado do Brasil em Camberra, explicou que os consulados não cobrem as despesas de deslocação do corpo ou qualquer outro procedimento em caso de falecimento de um nacional no estrangeiro, qualquer que seja o motivo do falecimento.
“Nosso papel é de auxiliar as famílias da pessoa falecida, fornecendo-lhes informações sobre serviços funerários, serviços de repatriação e outros assuntos relacionados à legislação de cada local. Os consulados ou Embaixada não cobrem as despesas de deslocação do corpo ou qualquer outro procedimento em caso de falecimento de um nacional no estrangeiro,” explica Leonardo.
Quanto ao seguro de saúde conhecido como ' (ou seguro de saúde para estudantes estrangeiros), que os estudantes internacionais são obrigados a adquirir quando vêm para a Austrália – esse seguro não cobre as despesas geradas pela morte da pessoa, especialmente a repatriação do corpo.
O seguro exigido pelas autoridades de imigração australianas para estudantes estrangeiros cobre apenas problemas de saúde que os estudantes tenham em vida.Se a pessoa desejar ser coberta em caso de morte, deve pagar um seguro adicional, que deve adquirir voluntariamente.
Mensagem de agradecimento da mãe Paulina Ramos a toda a comunidade latinomericana que se uniu na Austrália para ajudar a repatriar o corpo de Diana Source: Facebook
O advogado Valmor Gomes Morais, ex-cônsul honorário do Brasil em Queensland, diz que é importante que o estudante discuta com a seguradora de sua escolha sobre um seguro de vida e também busque pela palavra ‘repatriação’ nos contratos.
Segundo Valmor, em seus 14 anos como advogado, dos quais três como Cônsul Honorário do Basil em Queensland, ele calcula que foi confrontado com uma ou duas mortes de brasileiros na Austrália por ano.“Tivemos todos os tipos de cenários, onde a família tinha seguro, outros que fizeram vaquinha online, e outros que optaram por fazer o serviço funerário aqui na Austrália e cremar o corpo." Segundo ele, o traslado custa por volta de AU$15 mil e a cremação $5mil.
O caso de Diana Marcela não é um caso isolado. As famílias dos muitos estudantes internacionais que falecem na Austrália com frequência pedem ajuda da comunidade para repatriar o corpo. Source: Linkedin
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