Tubarões preferem o jazz à música clássica, diz estudo

Catarina Vila-Pouca

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A bióloga Catarina Vila-Pouca descobriu que os tubarões Port Jackson, que só existem na Austrália, se ensinados, podem desenvolver um gosto maior pelo jazz.


O estudo recente, conduzido por Catarina Vila-Pouca e uma equipe de pesquisadores da Universidade Macquaire, em Sydney, revelou que os tubarões são seres mais inteligentes do que pensávamos e que podem ser ensinados a associar o jazz com comida.

“O principal é que descobrimos que eles são capazes de aprender a associar uma música [Bossa Beguine, de Oscar Peterson] com comida e que eles tem inteligência, capacidade de aprendizagem e por isso conseguem usar o meio aquático da maneira mais vantajosa para eles,” explica Catarina.

O estudo, que levou três meses para ser concluído, usou tubarões da espécie Port Jackson, que ao ouvirem o jazz Bossa Beguine, de Oscar Peterson, tinham que ir para um lado do tanque para receber comida. Cerca de cinco dos oito tubarões foram capazes de identificar os sons do jazz e receber sua recompensa.

Quando eram introduzidos à outra música Metamorfose 1, de Philip Glass, eles se confundiam e preferiam seguir as ondas sonoras do jazz.

“Sabemos muito pouco sobre tubarões e decidimos trabalhar com som porque não se sabe se tubarões usam o som para navegação ou para encontrar comida, nós escolhemos usar música, sons artificiais, para comparar com outros estudos e comparar com sons que eles já estavam habituados a ouvir no seu ambiente natural.“

Na tarefa os tubarões ouviam uma música jazz no tanque e tinham que nadar para uma área específica do tanque para receber sua comida.

“Como eu usei o jazz primeiro eles aprenderam a associar a comida com o jazz e quando introduzimos a música clássica para saber se eles conseguiam distinguir o jazz da música clássica e nadar para uma área oposta, aí eles já ficaram mais confusos e decidiram responder ao jazz.”

Catarina Vila-Pouca
A bióloga Catarina Vila-Pouca descobriu que os tubarões Port Jackson, que só existem na Austrália, se ensinados, podem desenvolver um gosto maior pelo jazz. Source: Supplied
Para o estudo foram testados oito tubarões Port Jackson – quatro machos e quatro fêmeas. Os animais marinhos foram mantidos durante dez meses em três tanques de água do mar à temperatura ambiente no Instituto de Ciência Marinha de Sydney.

“Entender melhor os tubarões pode ajudar às pessoas a terem uma opinião mais positiva sobre eles e também mudar a opinião pública e política para a conservação da espécie.”

Tubarão ‘Cristiano Ronaldo’ era o mais esperto

Ao ser da escolha pelo jazz, Catarina diz que uma das razões foi que outros estudos com aves e alguns peixes já haviam utilizado o jazz. “Criamos uma metodologia que fosse comparável com esses estudos mas também porque o jazz é um dos meus estilos preferidos.”

A bióloga portuguesa também explica que os tubarões têm personalidades distintas como nossos animais domésticos. Há anos trabalhando no aquário da Universidade, Catarina diz que cada um tem um jeito de se comportar, uns mais calmos, outros mais agressivos, têm comidas preferidas, “eles são muito mais parecidos com a gente do que imaginamos,” diz. 

Para diferenciá-los, Catarina deu nomes para cada um deles.
“Dei o nome de craques da seleção portuguesa e brasileira, posso dizer que Cristiano Ronaldo foi dos melhores,” conta Catarina. “Tinha também o Neymar, Pepe, Rui Patrício...”
port jackson sharks
“O principal é que descobrimos que eles são capazes de aprender a associar uma música [Bossa Beguine, de Oscar Peterson] com comida" Source: Supplied

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