A GrowPro se autointitulou a maior agência de estudos no exterior e expandiu suas operações para 17 países, oferecendo experiências educacionais na Austrália, Canadá e Malta, entre outros destinos.
Com um marketing caro e agressivo chegou a ter até 700 campanhas ativas nas mídias sociais.
Em meados de 2023, a empresa havia acumulado uma taxa de recusa de visto de estudante de 50%, o que significa que o dinheiro dos estudantes que não conseguiam viajar de intercâmbio não estava mais disponível para reembolso.
Esse problema desencadeou um “efeito bola de neve” que destruiu a confiança na empresa e levou ao seu colapso financeiro.
Entenda o caso
Na primeira semana de março, o braço australiano da GrowPro foi declarado insolvente e colocado em administração. A empresa de insolvência Taylor Insolvency disse a ABC que estava tentando ver junto aos bancos da empresa quanto dinheiro a GrowPro ainda tem em mãos, mas que ainda não teve acesso a esses documentos.
O braço australiano da GrowPro foi fundado em 2013.
A empresa teve um faturamento de 40 milhões de euros em 2023 e uma meta de enviar 10 mil alunos para o exterior, de acordo com uma reportagem do El Diario de Madrid, que revelou a extensão do colapso da empresa.
O site da GrowPro, que ainda está ativo, lista Austrália, Canadá, Irlanda, Malta, Nova Zelândia, Emirados Árabes Unidos e EUA como destinos de estudo, com programas de idiomas, cursos profissionalizantes, ensino superior, estudo e trabalho e até oporutnidade de au pair.
A empresa tinha cinco escritórios na Austrália, incluindo Sydney, Melbourne e Brisbane.
O site de notícias australiano The Koala News publicou esta semana uma mensagem da equipe australiana aos alunos e parceiros de negócios.
“Lamentamos profundamente ter que compartilhar esta notícia com vocês. As operações da GrowPro matriz foram suspensas e, devido a essa situação, nós na Austrália não fazemos mais parte da empresa. Acabamos de descobrir essa notícia ao mesmo tempo que você, e também fomos afetados - não recebemos nossos salários", dizia a mensagem.
Segundo o comunicado, a equipe australiana não é mais empregada pela empresa, e por isso não podem legalmente fornecer mais informações.
A ABC tentou falar com o fundador e presidente da empresa na Espanha, Antonio Loobet, conhecido como Goiko Llobet.
Ele foi questionado sobre quantos estudantes internacionais perderam seu dinheiro com o colapso da GrowPro, quanto perderam, qual a probabilidade de receberem algum reembolso e se a empresa havia enganado os estudantes ao receber dinheiro por serviços que não foram entregues.
Ele não respondeu a essas perguntas, mas afirmou que a GrowPro teve mais de quatro auditorias de todas as suas operações, como parte de suas obrigações com investidores institucionais.
"Tudo é feito conforme as regras", disse ele.
Em sua resposta a ABC, Gioko Llobet disse que o colapso da GrowPro foi devido a mudanças nas condições do visto — uma referência às mudanças recentes na política de estudantes internacionais na Austrália.
Em um e-mail para os estudantes representantes da GrowPro disseram que aqueles que já haviam pago pelos seus estudos seriam os primeiros a serem auxiliados.
No entanto, vários estudantes disseram à ABC que não conseguiram entrar em contato com a GrowPro, e a empresa tem ficado em silêncio desde o e-mail de 21 de fevereiro.
Uma estudante relatou sua experiência em um vídeo que viralizou: "Há um ano, contratei um serviço com a GrowPro para estudar inglês na Austrália. Eles foram negligentes com meu processo de visto, o que me causou problemas financeiros e burocráticos. Eles me prometeram um reembolso meses atrás, mas nunca veio. Eles pararam de responder e-mails e bloquearam comentários nas redes sociais. Eles estão nos enganando."
O El Diario de Madrid disse que um processo de liquidação legal foi iniciado para o braço espanhol do negócio. O portal de falências do governo espanhol mostra que uma ordem de declaração de falência foi emitida para a GrowPro Experience SLU em 30 de janeiro de 2025.
Para o braço australiano do negócio, ainda existem mais perguntas que respostas.
Um grupo no WhatsApp foi criado para os estudantes que tinham como destino a Austrália e conta agora com mais de 350 membros. Muitos estudantes invadiram os perfis da GrowPro nas redes sociais reclamando e pedindo providências.
O website e todos os perfis nas redes continuam ativos. O perfil no FB por exemplo abre com um video convidando os estudantes a aplicarem para estudar na Austrália.
A SBS em Portugês entrou em contato com a empresa mas não obteve resposta.
Essa reportagem contou com informações da ABC, El diario de Madrid, StudyTravel Magazine e Koala News.
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