Nessa extensa entrevista o embaixador Fred Arruda, em seu segundo ano de mandato, fez um balanço do primeiro ano de trabalho, celebrou conquistas, elogiou como sempre a boa imagem dos brasileiros na Austrália e falou sobre fatos importantes em 2025.
Com o anúncio das eleições para Primeiro-Ministro no próximo 3 de maio, o embaixador destacou a importância do voto dos cidadãos brasileiros que também são eleitores na Austrália, “é um direito e dever”, lembrou.
De acordo com o AEC (Australian Electoral Commission), são quase 20 mil eleitores brasileiros que podem votar nas eleições.
“Cada vez fico mais orgulhoso da nossa comunidade de brasileiros que são brasileiros australianos, são cidadãos e têm o direito e o dever de exercerem a sua cidadania pelo voto, acredito que pelo voto poderão certamente encaminhar seus interesses no processo eleitoral,“ diz.
A seguir os principais trechos da entrevista, para ouvir a entrevista na íntegra acesse pelo botão play que abre essa reportagem.
O Embaixador Fred Arruda é diplomata de carreira, com ampla experiência na área de negociações econômicas multilaterais.
A partir de 10 de abril a isenção de visto para turismo e negócios será revogada. “Com base no princípio da reciprocidade alguns anos atrás o governo determinou que talvez não houvesse necessidade do visto para a Austrália. Durante 2 anos fizemos essa experiência como se fosse um convite à Austrália para rever o seu regime de vistos, nós respeitamos que a Austrália não pode fazer o mesmo, então vamos aplicar o princípio da reciprocidade, tirando essa isenção.
"Já processamos 200 vistos e está indo tudo bem. Acho que isso não vai trazer nenhum problema para o australiano que queira ir visitar o Brasil para passear ou fazer negócios. O princípio da reciprocidade prevÊ a cobrança do mesmo valor que os australianos cobram dos brasileiros."
Imigração para a Austrália
Apesar das políticas de limitar a entrada de imigrantes de todas as nacionalidades e ter um teto para estudantes, os brasileiros continuam a escolher vir para Austrália. “Em 2024 tivemos 24 mil estudantes vindo para a Austrália. É uma situação muito interessante esse intercâmbio, os brasileiros vêm para cá estudar nas instituições de ensino australianas que são de renome internacional aprender o idioma e nós não sentimos ainda nenhum impacto ou redução no número de intercambistas,” diz.
Antes da pandemia o Brasil chegou a ser o quarto país - fora da Ásia - que mais mandava estudantes internacionais para a Austrália Credit: LF/SBSPortuguese
O visto do ‘mochileiro’ (Subclass 462) que permite às pessoas virem trabalhar na Austrália por um ano; .
“Estamos atendendo à demanda, tivemos 700 aplicantes no último ano e foram concedidos 561 vistos. O número está atendendo plenamente à demanda, se houver um incremento no número de de aplicantes voltaremos a conversar com as autoridades australianas,“ explica.
Diáspora científica
“É um dos meus assuntos favoritos, eu tenho encontrado pesquisadores brasileiros em vários universidades que eu visito e o governo australiano incluiu o Brasil numa lista de 20 parceiros para estreitar a relação científica.
Continuamos trabalhando na expansão dessa relação no campo da ciência. Estamos estabelecendo um comitê conjunto de tecnologia e inovação que já realizou sua primeira reunião, estamos tendo uma agenda internacional muito cheia no Brasil como tivemos o G20 ano passado esse ano teremos a Cúpula dos Brics e no final do ano a COP30 que será um um mega evento na área de desenvolvimento sustentável. Mas vamos continuar mobilizando a comunidade científica nos dois países para essa troca de conhecimento nas áras de ciência, tecnologia e inovação.
Geóloga Jaqueline Diniz Lopes recebeu bolsa de estudos australiana no valor de AU$430 mil com pesquisa sobre extração sustentável de mineirais (sem escavação)
“É um marco: 80 anos de uma relação essencialmente positiva com a Austrália. Tivemos avanços muito importantes na relação bilateral, abrimos mercados houve um movimento de abertura de mercado do Brasil. Abriu o mercado para carne bovina australiana, abriu o mercado australiano para nossa cachaça e pesca de camarões. Tudo isso terá um impacto nos números do comércio desse ano de 2025.
“Estamos organizando eventos, talvez um jogo de futebol amador, e provavelmente faremos algo em parceria com a .”
Bitributação
O embaixador Fred Arruda trabalha por um acordo entre Brasil e Austrália para evitar a dupla cobrança de impostos sobre empresas e profissionais com atuação nos dois países. “Os negociadores já estão em contato já realizaram as primeiras reuniões e espero até o final do ano termos notícias boas aí, tenho certeza que são dois acordos que faltam na nossa malha de acordos bilaterais.“
Ensino da língua portuguesa na Austrália
“Todo ano nós os embaixadores de Portugal, Timor-Leste e agora Angola, celebramos conjuntamente o Dia Nacional do Português, dia 5 de maio. Nosso idioma que é ‘a cola que nos liga’. Mas também é cultura que estabelecemos conjuntamente por esse veículo que é o idioma comum. Abrimos no ano passado uma escolinha de português para filhos de brasileiros, é sempre bom recuperar a herança cultural.
Bolsonaro réu: judiciário brasileiro
A decisão do STF mostra que o Brasil tem uma democracia vibrante e que está lidando com maturidade e serenidade, isso mostra o nosso judiciário em funcionamento. É claro que nós não podemos prejudicar o que foi decidido ontem [essa entrevista foi feita um dia após a decisão do STF de tornar o ex-presidente ], vejo que as provas que reuniram são suficientes para iniciar um processo de julgamento. Para que tudo ocorra dentro das normas, dentro do processo legal brasileiro. Vamos ver qual é o desfecho não nos cabe julgar e cabe à justiça brasileira. Achei auspicioso ver nossa democracia vibrante e em funcionamento.
Primeiro ano de mandato
Albanese e Lula: encontro caloroso, troca de elogios e convite para Lula vir à Austrália assistir à Copa do Mundo de futebol feminino.
A embaixada do Brasil na Austrália registrou encontros importantes em 2024:
Novembro – O primeiro-ministro Anthony Albanese participou da Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro
Outubro – O ministro das Mudanças Climáticas e Energia Chris Bowen participou da Reunião Ministerial de Transições Energéticas do G20 em Foz do Iguaçu
Abril – Os juízes da Suprema Corte da Austrália Hon Nye Perram e Hon Kylie Elizabeth Downes foram a Brasília, na ocasião do 35º aniversário do Superior Tribunal de Justiça do Brasil.
Os juízes da Supremo Tribunal Federal da Austrália Hon Kylie Elizabeth Downes (esq) e Hon Nye Perram (dir) em encontro com a embaixadora da Austrália no Brasil, Sophie Davies
Fevereiro – A ministra das Finanças, Mulheres e Serviço Público, Katy Gallagher, participou da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20 e se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do Brasil Mauro Vieira no Rio de Janeiro
Fevereiro – O tesoureiro Jim Chalmers participou da Reunião de Ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais do G20 em São Paulo.
Jim Chalmers e Fernando Haddad em São Paulo
“Agora teremos ao final desse ano a COP30 um evento importantíssimo para o planeta. Temos que acordar para a emergência climática precisamos investir. Estou em contato com várias instituições organizações governamentais ou não-governamentais estimulando para irem ao Brasil e precisamos de mais recursos para lidar com essa situação, a questão do financiamento climático é essencial,” diz o Embaixador.
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