O sonho australiano da casa própria parece que será limitado apenas aos residentes permanentes e cidadãos do país pelos próximos dois anos. O governo está sinalizando uma proibição completa da compra de casas já construídas para todos os investidores estrangeiros. Isso inclui residentes temporários - como estudantes internacionais - e empresas de propriedade estrangeira.
A ministra da habitação, Clare O'Neil, diz que este é um passo para resolver a crise imobiliária da Austrália: "Estamos fazendo o que é possível. Isso é importante. Não vai resolver o problema todo, mas precisamos identificar cada mudança que podemos fazer em benefício dos australianos e garantir que façamos todas essas mudanças ao mesmo tempo".
Os preços das casas aumentaram em todo o país na última década, e o preço médio de transferência de casas estabelecidas nas capitais segue aumentando significativamente. Em Sydney, por exemplo, o valor médio das casas passou de A$ 615.000 em 2013 para A$ 1,3 milhão em dezembro de 2023. Camberra teve a segunda maior média no valor de imóveis entre as capitais, A$ 980.000.
O preço pago por moradias em cidades menores também disparou. A proibição do governo, que terá algumas exceções, deve entrar em vigor no dia 1º de abril e durar pelo menos dois anos.
Clare O'Neil reconhece que há um problema muito maior a ser corrigido: "Estamos lidando com essas questões uma por uma e, sem dúvida, a coisa mais importante que precisamos fazer é construir mais moradias em nosso país".
Há questionamentos sobre o tamanho do impacto da proibição. Em 2023, os investidores estrangeiros representaram cerca de 1% das compras anuais de propriedades, um terço das moradias existentes.
A ministra da habitação garante que essa é apenas uma parte do plano: "Uma coisa que posso dizer sobre o mercado imobiliário na Austrália, é que não há uma solução rápida para o problema, que é complexo. Devemos garantir que identifiquemos todas as maneiras pelas quais podemos remodelar isso em favor dos jovens australianos que estão enfrentando dificuldades".
O porta-voz do partido Verde para a habitação, Max Chandler Mather, diz que a medida não será capaz de criar um impacto significativo: "Sabemos que houve cerca de 5.500 compras de casas por investidores. Desse total, cerca de um terço eram casas existentes, que é o que agora Peter Dutton e o partido trabalhista estão propondo proibir por dois anos. Isso equivale a cerca de 1.800 propriedades. Houve cerca de 670 mil compras de propriedades em um ano, o que significa que 0,3% é o que o partido trabalhista e os liberais estão propondo reprimir. Isso não vai fazer nada pela crise imobiliária".
O líder da oposição, Peter Dutton, propôs um plano semelhante no ano passado. O plano foi rejeitado pelos ministros na época, levando Dutton a questionar o partido trabalhista por adotá-lo agora: "Se era tão bom e o primeiro-ministro realmente acreditava nisso, por que não foi legislado nas últimas duas semanas no parlamento"?
O parlamentar federal Michael Sukkar também critica o momento da medida: "A adoção dessa política da coalizão hoje só mostra que eles estão sem ideias e desesperados, dias antes antes de uma eleição".
Essa medida é anunciada pouco antes da próxima eleição federal, que coloca a moradia e o custo de vida como questões decisivas. O YouGov conduziu mais de 40 mil entrevistas em todo o país, apresentando projeções para todos os 150 distritos eleitorais. O "resultado mais provável" de seus cálculos é a Coalizão ganhando até 73 cadeiras, enquanto o Partido Trabalhista ganharia apenas 66. Os Verdes perderiam 3 cadeiras, e o voto dos independentes seria necessário para uma maioria absoluta de 76 cadeiras.
Mas será que os candidatos que estão fora dos grandes partidos apoiariam um governo de Peter Dutton? A deputada independente Allegra Spender disse ao ABC Insiders que seu voto ainda está em jogo: "O partido com mais assentos não necessariamente vai receber meu apoio, mas esse certamente é um fator que vou considerar".
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